O sequestro relâmpago sofrido pelo deputado Vitão do Cachorrão (Republicanos) no último domingo,19, foi o principal assunto da sessão ordinária desta terça-feira (21) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Durante os Pequeno e Grande Expedientes, todos os deputados presentes na Casa prestaram apoio ao parlamentar e sua família, que já estão livres.
Recuperado do atentado, Vitão descreveu os acontecimentos e, bastante emocionado, agradeceu por estar, agora, livre para exercer sua função no Parlamento Paulista. “Desde que cheguei aqui, sempre falei sobre nunca esquecer minha simplicidade, de onde eu vim. Sou filho de pedreiro e vendedor de hot-dog até hoje, e cheguei aqui [na Alesp] dessa forma. Hoje, vim agradecer pelo livramento que eu e minha família tivemos neste último final de semana. Passei por um sequestro relâmpago junto das pessoas que mais amo, e faria tudo para defendê-las”, disse.
De acordo com o deputado, os criminosos o abordaram em local próximo de sua chácara em Sorocaba, onde passava o final de semana com seus familiares. “Eu nunca tinha visto aquilo fora de um filme. Um carro bateu de frente com o meu, propositalmente, quando estava indo para um evento. Desceram diversos bandidos fortemente armados e equipados daquele carro, cobertos com máscaras, e me colocaram no banco de trás, me levando de volta para a chácara”, descreveu.
“Lá, passei por horas de tortura junto da minha família, pois os bandidos queriam dinheiro vivo em grande quantidade, que eu não tinha. Ameaçaram minha esposa, meus filhos e disseram ‘você vai gastar com funeral e caixão’. Eu daria tudo pela minha família, mas não tinha como. Após tudo isso, viram que eu não poderia ajudar, nos amarraram e foram embora. Consegui escapar e comuniquei as autoridades. Só tenho a agradecer, como sempre fiz, com simplicidade, pela ajuda de todos. Estou abalado, pois é um momento muito difícil, mas irei me livrar de todo o mal, sob a proteção de Deus”, concluiu Vitão.
Consciência Negra
Um dia após o feriado da Consciência Negra, Eduardo Suplicy (PT) subiu à tribuna para transmitir homenagens a Zumbi dos Palmares e seu legado na luta pela igualdade racial no Brasil. “Esse dia tem sido mais polêmico do que deveria. É lamentável que em um país com problemas visíveis causados pelo racismo estrutural, a simples menção de uma data seja motivo de incômodo, descaso e até de piadas”, criticou.
“Todos que se incomodam com o dia sequer tentam compreendê-lo, estudando a história do grande líder Zumbi dos Palmares. Ele é, acima de tudo, um chamado para acionar nossa consciência e erradicar a discriminação racial no Brasil. A questão da negritude é parte de toda a sociedade, e precisa da força de todos para mudar o estado em que se encontra e alcançar igualdade”, afirmou Suplicy.
Em consonância, o deputado Simão Pedro (PT) celebrou o sucesso da Marcha da Consciência Negra em São Paulo, realizada na segunda-feira (20). “O movimento surte, sim, efeitos práticos. Cada vez mais políticas públicas serão feitas para combater as injustiças e sequelas da escravidão que afligem a população negra até hoje, em todas as áreas. Exemplo da força das comunidades quilombolas e do legado deixado por Zumbi dos Palmares pode ser visto nas cooperativas agrícolas do nosso Estado, em cidades próximas ao Vale do Ribeira, sobretudo”, exemplificou.
Outros assuntos
Em seu tempo de tribuna, Carlos Giannazi (Psol) explicou um projeto de lei, de sua autoria, que foi protocolado hoje na Alesp. De acordo com ele, a proposta visa proteger a área de assentamento “Irmã Alberta” de uma reintegração de posse pela Sabesp. “Esquecido pela empresa, o espaço tornou-se essencial para diversas famílias que ali se estabeleceram. Naquele local, há uma extensa produção de alimentos orgânicos e prática de agricultura familiar, e vamos fazer de tudo para proteger as terras e as pessoas ali acampadas”, declarou.
Já o deputado Paulo Mansur (PL) usou seu espaço para se solidarizar pelas mortes no Rio de Janeiro durante o show da cantora Taylor Swift. Segundo o deputado, a união dos policiais com a Justiça impediria o caos na cidade e protegeria os civis de forma mais eficaz. “Além da garota que morreu desidratada no Estádio Nilton Santos, um jovem de 25 anos foi assassinado nas proximidades por dois assaltantes com mais de 100 condenações. Não adianta o policial prender e a Justiça liberar, deve haver um trabalho conjunto para evitar situações como esta”, protestou.
Por fim, Caio França (PSB) trouxe à tribuna as demandas da população da Baixada Santista, que, conforme descreveu o deputado, passaram mais de seis horas no trânsito para descer a Serra do Mar, pagando multas altas. “Falo em relação à Ecovias, administradora das vias de acesso. Esse sistema coloca os moradores em patamares diferentes. Simplesmente não há respeito por parte das concessionárias, que forçam os moradores a descer a serra pela via Anchieta, pagando pedágios caríssimos que competem com ônibus e caminhões. Insegurança e demora são inadmissíveis para todos os cidadãos do Estado, portanto, outro sistema de deslocamento precisa ser aplicado”, sugeriu.