A fumaça branca que sinaliza a escolha de um novo líder para a Igreja Católica subiu da Capela Sistina nesta quinta-feira (8), marcando o fim do conclave e o início de um novo papado. O cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito pelo Colégio de Cardeais e será conhecido como Leão XIV, tornando-se o primeiro pontífice oriundo dos Estados Unidos.

Natural de Chicago, Prevost se destacou por sua atuação pastoral fora de seu país natal, especialmente no Peru, onde iniciou sua missão ainda nos anos 1980. Sua trajetória o consolidou como uma figura de ponte entre culturas, com profundo envolvimento na realidade latino-americana e fluência no espanhol. Antes da eleição, exercia duas funções de peso no Vaticano: chefiava o Dicastério para os Bispos — responsável pela escolha de bispos no mundo todo — e presidia a Comissão Pontifícia para a América Latina.

Discreto e avesso à exposição, Prevost é reconhecido por seu perfil técnico, formação teológica sólida e amplo domínio da legislação canônica. Entrou para a vida religiosa aos 22 anos, foi ordenado padre em 1982 e, ainda jovem, seguiu para Roma, onde aprofundou seus estudos na Universidade de São Tomás de Aquino. No Peru, foi missionário em regiões carentes como Piura e Trujillo durante um dos períodos mais turbulentos do país, o governo Fujimori.

Em 2014, assumiu a Diocese de Chiclayo, onde foi ordenado bispo. Mais recentemente, seu nome apareceu em meio a denúncias envolvendo suposta omissão diante de casos de abuso sexual cometidos por dois padres. Segundo a diocese, ele teria seguido os protocolos da Igreja e encaminhado os relatos ao Vaticano. As investigações continuam em curso.

Apesar das controvérsias, sua rápida ascensão ao posto máximo da Igreja — tendo sido nomeado cardeal em 2023 — surpreendeu setores mais conservadores. Durante a internação de Francisco, Prevost liderou momentos de oração pública e tornou-se um dos rostos visíveis do Vaticano naquele período.

A eleição foi concluída após quatro escrutínios. Nos dois primeiros dias de conclave, as votações não atingiram consenso, com fumaça preta saindo das chaminés. A decisão só veio na tarde de quinta-feira, quando o nome de Prevost alcançou os dois terços necessários entre os 133 cardeais votantes.

Leão XIV assume a liderança de uma Igreja em transformação, herdeira das reformas de Francisco, diante de desafios que vão da modernização institucional à necessidade de diálogo com novas gerações de fiéis.