O prefeito Anderson Farias (PSD) assume seu segundo mandato em São José dos Campos com uma pauta desafiadora, marcada por ações necessárias e estruturais nas áreas de transporte, saúde e habitação. Reeleito após um disputado segundo turno, Anderson traz em sua agenda o compromisso de modernizar a gestão pública com o uso de tecnologia, buscando maior eficiência e desburocratização.
Transporte: um impasse que desafia gestões
O transporte público continua sendo um dos principais desafios enfrentados pela gestão. Desde 2020, a licitação do transporte coletivo está inconclusa, resultando em cinco tentativas não finalizadas. Para janeiro, Anderson aposta na “última tentativa” de concluir o processo. O modelo jurídico inovador, que envolve empresas para locação, operação e gestão financeira dos ônibus, é visto como uma solução ousada, mas ainda depende da maturidade do mercado e da adesão de empresas.
A promessa de eletrificação da frota, alinhada às tendências globais de sustentabilidade, é um avanço, mas enfrenta desafios práticos e econômicos. A insistência do prefeito em evitar que o município seja proprietário da frota, optando por parcerias público-privadas, é pragmática, mas suscita questionamentos sobre a viabilidade de sua execução diante das dificuldades anteriores.
Saúde: uma repactuação necessária
A saúde pública, que responde por 76% do investimento municipal, surge como outra prioridade no novo mandato. Anderson destacou a necessidade de renegociar a participação do governo federal e estadual, que juntos contribuem com apenas 24% do total. O alto custo de atender pacientes de fora do município é uma pressão adicional sobre os cofres locais.
A proposta de uso de tecnologia para melhorar a gestão da saúde, com monitoramento de demandas e maior integração dos serviços, é promissora. Contudo, será necessário garantir que essas inovações realmente cheguem à população, especialmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), onde a demanda é mais sentida.
Habitação: combate ao déficit e à irregularidade
A criação de uma nova Secretaria de Gestão Habitacional e Regularização mostra a intenção de priorizar a habitação, área que ainda apresenta um déficit de 3.500 moradias na cidade. Anderson busca parcerias com os governos estadual e federal para acelerar projetos como o Minha Casa Minha Vida e o Casa Paulista. A meta é ousada, mas alcançável, desde que haja articulação política eficiente e recursos financeiros.
A regularização fundiária também é um ponto crítico. O monitoramento por satélite, que auxilia no combate à informalidade, demonstra avanço tecnológico, mas precisa ser acompanhado de políticas habitacionais que ofereçam alternativas viáveis à população de baixa renda.
Relação com a Câmara: desafios políticos
No campo político, Anderson enfrenta a tarefa de construir uma base sólida na Câmara Municipal. Embora tenha conseguido aprovar projetos no mandato anterior, o cenário de 2024 foi marcado por divisões eleitorais que dificultaram algumas votações. O novo secretário de Governança, Jhonis Santos, terá papel estratégico para manter um diálogo aberto e garantir apoio aos projetos do Executivo.
A relação com o PL, principal partido de oposição, será decisiva. Anderson acredita que o partido pode optar por colaborar, mas terá que lidar com as novas dinâmicas políticas resultantes das eleições.
Modernização e tecnologia: a marca da gestão
O uso da tecnologia como ferramenta de transformação da gestão pública é um dos pilares do novo mandato. Desde totens para serviços municipais em shoppings até a integração digital no sistema de saúde, a proposta é tornar a administração mais ágil e acessível. Essa modernização, se bem implementada, pode se tornar a marca de sua gestão.