Jean-Marie Le Pen, uma das figuras mais controversas e polarizadoras da política francesa, morreu nesta terça-feira (7) aos 96 anos. O fundador do partido Frente Nacional, hoje chamado Reunião Nacional (RN), foi pioneiro no movimento de extrema direita na França e deixou um legado marcado por polêmicas, incluindo acusações de racismo, xenofobia e antissemitismo.

Le Pen faleceu em uma casa de repouso onde estava internado há semanas devido à saúde debilitada. Ele morreu ao meio-dia, cercado pela família, segundo comunicado divulgado à imprensa.

Figura central no cenário político francês por décadas, Le Pen foi conhecido por suas opiniões extremistas, especialmente contra a imigração e o Islã, que ele frequentemente associava aos problemas econômicos e sociais da França. Seu discurso era provocador e, por vezes, teatral, mobilizando multidões e alimentando o fervor de seus apoiadores.

Le Pen foi candidato à presidência da França em cinco ocasiões, chegando ao segundo turno em 2002, mas sendo derrotado de forma esmagadora por Jacques Chirac. Ele também atuou como eurodeputado e deputado na Assembleia Nacional, consolidando sua influência em várias esferas políticas.

Apesar de sua importância histórica para a extrema direita, sua carreira foi marcada por declarações controversas. Em 1996, ele foi condenado por minimizar os crimes de guerra nazistas ao chamar as câmaras de gás de um “detalhe” da história, gerando indignação nacional e internacional.

Em 2015, Le Pen foi expulso do partido que fundou, após reiterar declarações negacionistas sobre o Holocausto. A decisão, liderada por sua filha Marine Le Pen, causou um rompimento na família, com Jean-Marie acusando-a de traição.

Sua morte ocorre enquanto sua filha, Marine, permanece como a figura mais forte da extrema direita francesa. O atual presidente do Reunião Nacional, Jordan Bardella, lamentou a perda, destacando seu papel como “tribuno do povo” e defensor da soberania francesa.

Jean-Marie Le Pen deixa um legado de polarização e controvérsias que continuam a influenciar a política da França. Sua trajetória, marcada por batalhas ideológicas, reflete as complexas tensões sociais e políticas do país ao longo das últimas décadas.