Quase dois anos após o início da disputa judicial sobre a influência do governo federal na Eletrobras privatizada, um acordo entre a União e a companhia redefiniu os papéis dentro da estrutura da empresa. Pelo novo entendimento, o governo conquistará três assentos no conselho de administração e uma vaga no conselho fiscal — esta última destinada ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O acordo encerra a obrigação da Eletrobras de investir na construção da usina nuclear de Angra 3, caso o governo decida retomar o projeto. Apesar disso, a estatal continua responsável por R$ 6,1 bilhões já garantidos em financiamentos relacionados à obra.
A indicação de Mantega e de outros nomes — entre eles Maurício Tolmasquim, Silas Rondeau e Nelson Hubner — surpreendeu interlocutores da própria negociação. Todos já haviam se manifestado contra a privatização da Eletrobras e, em alguns casos, contra o próprio acordo que agora permite suas nomeações.
A articulação foi conduzida por integrantes da Casa Civil e pelo presidente Lula. A União, embora detenha 43% das ações da companhia, segue limitada pelo estatuto aprovado na privatização, que impede qualquer acionista de exercer mais de 10% do poder de voto.
Os termos do entendimento ainda passarão por assembleias extraordinária e ordinária, já convocadas para o fim de abril, e precisam ser homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Com esse movimento, o governo Lula busca encerrar a disputa jurídica e política sobre sua influência na maior empresa do setor elétrico do país — e reposicionar aliados em postos-chave.