No dia em que Álvaro Damião (União Brasil) tomou posse como o 51º prefeito de Belo Horizonte, um aliado político de seu grupo foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Bruno Barral, secretário municipal de Educação e nome indicado pelo núcleo do União Brasil, foi afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro da terceira fase da Operação Overclean, que investiga um esquema bilionário de corrupção.
Barral, ex-secretário de Educação de Salvador, teve sua nomeação para Belo Horizonte articulada em 2024 com apoio direto do ex-prefeito baiano ACM Neto, uma das principais lideranças do partido. O mandado de afastamento foi cumprido na manhã desta quinta-feira (3), em BH, simultaneamente ao ato de posse de Damião na Câmara Municipal.
A Polícia Federal aponta que o esquema criminoso teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão em contratos fraudulentos envolvendo recursos de emendas parlamentares e convênios públicos. Além de Barral, a operação mira outros servidores e agentes públicos nas cidades de Salvador, São Paulo, Aracaju e na própria capital mineira.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou, por meio de nota, que cumprirá integralmente a decisão judicial e que acompanhará os desdobramentos do caso. O novo prefeito, por ora, evitou comentários públicos sobre o episódio, mantendo a agenda prevista, que incluiu também a apresentação da prestação de contas referente ao exercício de 2024.
Aliado próximo e peça-chave na relação entre a gestão municipal e o União Brasil, Barral ocupava uma das pastas mais estratégicas da administração. Sua saída repentina coloca Damião diante de um desafio político imediato: equilibrar a governabilidade com a necessidade de blindagem ética, justamente no início de um mandato que promete forte vigilância por parte da sociedade e dos órgãos de controle.