Foto: Reprodução

Collor em cana: não me deixem só

Seis votos a quatro: o Supremo decidiu que Collor de Mello, ex-presidente, ex-senador e atual problema de Maceió, deve continuar preso.

Mas calma: quatro ministros votaram para soltar. Porque, afinal, o Brasil é o único lugar do mundo onde corrupção passiva pode ser ativa, e prisão depois do julgamento ainda pode ser opcional se o condenado tiver “aquilo roxo”.

Gilmar Mendes, Luiz Fux, Nunes Marques e André Mendonça tentaram: disseram que havia divergência. Há divergência, sim — entre quem acha que a lei é para todos e quem acha que lei é igual convite de festa: se for amigo, entra pela porta da frente.

No centro da confusão, Alexandre de Moraes manteve a prisão. Firme, impassível, polido como um altar de mármore. Se a cabeça brilha, a decisão, pelo menos desta vez, também brilhou.

O plenário virtual virou um daqueles leilões de gado: quem dá menos pena? Quem argumenta melhor em latim? Quem consegue adiar a sentença até todo mundo esquecer do escândalo?

Collor, aquele que prometeu modernizar o país tirando o dinheiro dos outros, agora moderniza o sistema penitenciário — como hóspede.

No Brasil, cadeia para político é tipo chuva no sertão: rara, inesperada e motivo de romaria.

E quando acontece, o Brasil ri.
Não por vingança. Nem por justiça.
Rimos de nervoso mesmo.
Porque sabemos que, entre embargos, embargos dos embargos, agravos, recursos e destaque do destaque, a sentença final será lida no Juízo Final — com sorte.

Por enquanto, Collor segue preso.
Alexandre segue firme.
E a gente, bom…
A gente segue aqui: solto, confuso e carregando a algema invisível de quem paga a conta dessa festa há décadas.

Fabrício Correia: historiador por formação, cronista por indignação e apresentador de televisão por acidente. Sobrevive de palavras, ironia e algumas boas histórias mal contadas.

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