O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no último domingo (4) uma tarifa de 100% sobre todos os filmes produzidos fora do território norte-americano que forem enviados para exibição nos EUA. A medida, segundo ele, visa conter a “morte rápida” da indústria cinematográfica do país, impactada por incentivos oferecidos por outros países que atraem grandes produções.
Trump classificou o movimento de países como Austrália, Nova Zelândia e Canadá como um esforço coordenado que ameaça a segurança nacional dos Estados Unidos, ao permitir que conteúdos com “mensagens e propaganda” cheguem ao público americano. A declaração foi feita por meio da rede Truth Social. Ele ordenou que o Departamento de Comércio inicie imediatamente o processo de implementação da nova tarifa.
Ainda não está claro como as novas taxas serão aplicadas — se apenas em filmes exibidos nos cinemas, se também em conteúdos de streaming, ou se a cobrança será baseada nos custos de produção ou na receita de bilheteria.
Nos bastidores, a nomeação de figuras como Jon Voight, Sylvester Stallone e Mel Gibson para assessorar a retomada de produções em solo norte-americano foi interpretada como uma tentativa de Trump de reforçar seu apelo patriótico no setor cultural, prometendo trazer “uma Hollywood maior, melhor e mais forte”.
A movimentação ocorre em um cenário de retração. Segundo dados da FilmLA, a produção audiovisual em Los Angeles caiu cerca de 40% na última década, com muitos estúdios preferindo filmar fora dos EUA por questões fiscais. Em 2023, metade dos investimentos de produtores norte-americanos em projetos de cinema e TV — com orçamentos acima de US$ 40 milhões — foi direcionada ao exterior.
Diante desse panorama, governos de diversos países passaram a oferecer pacotes de incentivos, como créditos e descontos diretos, para atrair produções e disputar parte dos US$ 248 bilhões previstos globalmente para produção de conteúdo até 2025, segundo estimativas da Ampere Analysis.
A resposta foi imediata. Austrália e Nova Zelândia, cujos territórios serviram de cenário para grandes produções como “O Senhor dos Anéis” e filmes da Marvel, afirmaram que vão proteger seus setores criativos e continuar estimulando o mercado audiovisual local.