O conservador Friedrich Merz foi oficialmente eleito chanceler da Alemanha nesta terça-feira (6), após uma votação parlamentar que exigiu dois turnos e expôs fragilidades dentro da coalizão de governo. A primeira tentativa de aprovação fracassou, algo inédito no país desde o fim da Segunda Guerra Mundial, marcando um início desconfortável para a nova administração.
Merz, de 69 anos, liderou seu bloco à vitória nas eleições federais de fevereiro e firmou uma aliança com os social-democratas (SPD), de centro-esquerda. Na segunda votação, obteve 325 votos — número suficiente para garantir a maioria absoluta necessária. No entanto, no primeiro turno, havia conquistado apenas 310 votos, revelando resistência de ao menos 18 parlamentares da base.
O revés inicial é visto como um desgaste precoce para quem prometeu restaurar o protagonismo econômico da Alemanha e reforçar sua posição como potência de estabilidade no continente europeu. As expectativas sobre sua liderança eram altas, especialmente diante da crise global e da necessidade de fortalecer a unidade europeia.
Entre as principais metas da coalizão liderada por Merz estão a redução de impostos corporativos, o barateamento da energia e o aumento dos investimentos militares, incluindo apoio contínuo à Ucrânia. Essas medidas integram um pacote mais amplo para estimular o crescimento econômico e fortalecer o papel da Alemanha no cenário internacional.
Após a confirmação no Parlamento, Merz seguiu para o Palácio Bellevue, onde foi formalmente nomeado chanceler pelo presidente alemão. O gesto simbólico não amenizou as análises críticas: especialistas consideram que o episódio pode ter repercussões que ultrapassam as fronteiras do país, frustrando parte da comunidade europeia que esperava um recomeço mais sólido.
A cientista política Jana Puglierin, do Conselho Europeu de Relações Exteriores, resumiu o sentimento: “Essa esperança foi frustrada. Com consequências muito além de nossas fronteiras.”