A Advocacia do Senado protocolou na Justiça Eleitoral do Ceará um pedido de prisão preventiva contra o ex-governador Ciro Gomes (PDT). O argumento é de que ele teria reincidido em ataques considerados graves contra a ex-senadora e atual prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT).
O caso será analisado pela 115ª Zona Eleitoral de Fortaleza e está vinculado a uma ação movida pela Procuradoria Regional Eleitoral em 2024, quando Janaína ainda exercia o mandato no Senado por ser suplente do ministro Camilo Santana (PT). A acusação enquadra os episódios como possíveis atos de violência política de gênero, ou seja, ataques dirigidos a uma mulher em função de sua atuação como candidata ou ocupante de cargo público.
Segundo o pedido, Ciro teria utilizado expressões ofensivas em um evento realizado no aniversário do ex-prefeito Roberto Cláudio (União), no último dia 15 de agosto. Na ocasião, ele insinuou que Janaína recrutava jovens para prestar favores sexuais a Camilo Santana.
Não foi a primeira vez que declarações desse tipo ocorreram. Em abril de 2024, o ex-governador já havia chamado a prefeita de “cortesã” e “assessora para assuntos de alcova”, sugerindo ainda que ela era responsável por organizar “festas” para o então senador. Diante da reincidência, a Justiça havia determinado em maio do ano passado que ele se abstivesse de repetir esse tipo de ataque.
A defesa de Ciro Gomes, por sua vez, afirmou ao UOL que não existe base legal para um pedido de prisão e que o ex-governador apenas exerceu seu direito à liberdade de expressão em críticas políticas. Os advogados também contestaram a legitimidade do Senado em fazer a solicitação, alegando que Janaína, atualmente prefeita, já não integra a Casa.
No documento assinado pelos advogados Hugo Kalil e Fernando César Cunha, a acusação ressalta que as falas mais recentes ocorreram há poucas semanas e configuram reincidência, exigindo uma medida mais dura para impedir novas ofensas.