A Justiça Eleitoral do Ceará decidiu nesta segunda-feira (15) não acatar o pedido de prisão preventiva do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), acusado de violência política de gênero contra a prefeita de Crateús, Janaína Farias (PT). Embora tenha negado a prisão, o juiz Victor Nunes Barroso, da 115ª Zona Eleitoral de Fortaleza, impôs uma medida restritiva: Ciro está proibido de dirigir novas ofensas ou ataques à prefeita, sob pena de multa de R$ 10 mil a cada reincidência.
A defesa do pedetista, conduzida pelo advogado Walber Agra, afirmou que a determinação será respeitada, mas contestou a classificação do caso como violência de gênero. Segundo ele, trata-se de uma disputa no campo político e não de um ataque pessoal, além de questionar se a Justiça Eleitoral teria competência para julgar a matéria.
Janaína Farias é ligada ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT), de quem foi assessora especial no governo estadual. Chegou a ocupar uma vaga no Senado em 2024, como suplente de Santana, e no ano seguinte assumiu a prefeitura de Crateús, município do semiárido cearense com cerca de 75 mil habitantes.
A polêmica começou em agosto, quando, durante um evento em Fortaleza, Ciro atacou Janaína de forma indireta, insinuando que ela teria ascendido na política por vias desonrosas. A prefeita reagiu de imediato, classificando o discurso como misógino e covarde, e ressaltou que não era a primeira vez que sofria ataques do pedetista. “É um homem que, diante do seu fracasso político, tenta ferir a honra das mulheres de maneira irresponsável”, declarou na ocasião. O ministro Camilo Santana também saiu em sua defesa, afirmando que Ciro teria que responder judicialmente por suas acusações.
O pedido de prisão preventiva foi feito pela Advocacia do Senado Federal no início de setembro. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), apoiou a iniciativa e qualificou as falas de Ciro como “gravíssimas” e “carregadas de machismo repulsivo”.
Não é a primeira vez que o ex-ministro enfrenta condenações do tipo. Em 2024, quando Janaína assumiu o posto de senadora suplente, Ciro a chamou de “assessora de assuntos de cama” de Camilo Santana, o que resultou em multa de R$ 52 mil por violência política de gênero.
Politicamente, Ciro vive um período de transição. Crítico do governo Lula e em rota de colisão com a base do PDT, o ex-ministro deve migrar para o PSDB com vistas à disputa pelo governo do Ceará em 2026. A movimentação contaria com o apoio de alas da direita e de setores bolsonaristas.