Foto: Reprodução

Sanae Takaichi assume como primeira-ministra do Japão e promete renovação política e econômica

O Parlamento japonês confirmou nesta terça-feira (21) a nomeação de Sanae Takaichi como nova primeira-ministra do país, tornando-a a primeira mulher a ocupar o cargo máximo do governo nipônico. Aos 64 anos, a líder nacionalista chega ao poder após costurar, na véspera, uma aliança de última hora com o Partido Japonês para a Inovação (Ishin), movimento de centro-direita que garantiu votos suficientes para sua aprovação.

A ascensão de Takaichi ocorre num momento político delicado. O Partido Liberal Democrático (PLD), que domina a cena política japonesa desde meados do século passado, enfrentava queda acentuada de popularidade e havia perdido a maioria nas duas câmaras do Parlamento em razão de uma sequência de escândalos financeiros. O antigo aliado, o partido centrista Komeito, rompeu a coligação que vigorava desde 1999, incomodado com as posições mais conservadoras da nova líder e com as crises internas do PLD.

Para consolidar a eleição e suceder Shigeru Ishiba, Takaichi selou a aliança com o Ishin, totalizando 231 assentos, dois a menos que o mínimo necessário para a maioria absoluta, o que a obrigará a negociar com outras forças parlamentares. A vitória foi recebida com entusiasmo pelos mercados: a Bolsa de Tóquio registrou alta expressiva, impulsionada pela imagem de Takaichi como uma “pomba fiscal”, expressão usada para descrever gestores inclinados a políticas de estímulo econômico.

Discípula declarada do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, Takaichi pretende seguir a estratégia expansionista de seu mentor, com aumento de investimentos públicos para reanimar a economia e estímulos à redução de impostos corporativos. No cenário externo, adotou postura mais comedida em relação à China e, recentemente, evitou visitar o santuário de Yasukuni, local simbólico do passado militar japonês e motivo recorrente de tensão diplomática com Pequim e Seul.

Admiradora de Margaret Thatcher, a nova premiê — muitas vezes apelidada de “Dama de Ferro” japonesa — anunciou que pretende montar um gabinete com presença feminina inédita, “nos moldes escandinavos”, em contraste com o governo anterior, que contava com apenas duas mulheres. Uma das prováveis indicadas é Satsuki Katayama, ex-ministra da Revitalização Regional, cotada para o Ministério das Finanças.

Takaichi também quer reposicionar o debate público sobre temas tradicionalmente silenciados na política japonesa. Defende políticas específicas para a saúde das mulheres, fala abertamente sobre as dificuldades da menopausa e pretende ampliar o apoio a mães e trabalhadoras em meio à crise demográfica que atinge o país.

Apesar de seu discurso reformista, enfrenta a difícil missão de reconstruir a credibilidade do PLD, abalada por derrotas eleitorais e pelo avanço de legendas populistas como o Sanseito, que se opõe à imigração e ganhou força com discursos nacionalistas.

Com uma agenda intensa nas próximas semanas, Takaichi inicia seu mandato em meio a uma conjuntura internacional complexa — marcada, entre outros fatores, pela iminente visita do ex-presidente norte-americano Donald Trump a Tóquio — e à expectativa de que sua gestão consiga conciliar o rigor fiscal com a sensibilidade social que promete inaugurar.

 

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