O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, convidou o ex-presidente Michel Temer (MDB) para ingressar no partido e concorrer ao Palácio do Planalto nas eleições de 2026. Segundo Perillo, Temer recebeu o convite com simpatia e afirmou que refletiria sobre a proposta.
“Michel Temer é um homem de experiência e equilíbrio, com reconhecida capacidade administrativa e política. O Brasil precisa reencontrar o caminho da moderação e da temperança”, declarou o dirigente tucano.
O gesto ocorre poucos dias depois de o PSDB anunciar a filiação de Ciro Gomes no Ceará, em movimento que busca revitalizar a legenda após anos de esvaziamento e perda de protagonismo. Ciro deve ser o nome tucano na disputa pelo governo cearense no próximo ano.
De acordo com Perillo, o convite a Temer já havia sido feito anteriormente por Aécio Neves, que assumirá a presidência do partido em novembro, e foi reforçado agora numa tentativa de ampliar as alianças para 2026.
Procurado pela reportagem, Temer não se manifestou. Nos bastidores do MDB, entretanto, a hipótese de saída é vista com descrença. Aliados próximos classificam a ideia como “pouco lógica”, lembrando o histórico de fidelidade do ex-presidente à sigla pela qual construiu toda a carreira — foi deputado, presidiu o partido, comandou a Câmara dos Deputados e chegou à Presidência da República após o impeachment de Dilma Rousseff.
A eventual migração também é considerada improvável pelo contraste entre as forças das legendas. Enquanto o MDB mantém 42 deputados federais, o PSDB conta hoje com 15 parlamentares e busca dobrar essa bancada em 2026. O partido aposta na candidatura própria à Presidência como forma de recuperar espaço político e visibilidade nacional, algo que não ocorre desde 2018, quando Geraldo Alckmin foi o último tucano a disputar o Planalto.
Outro fator que pesa é o custo de uma campanha presidencial. Para legendas médias, como o PSDB atual, a prioridade tem sido concentrar recursos do fundo eleitoral em candidaturas proporcionais, garantindo presença na Câmara e acesso ao fundo partidário.
Mesmo assim, Marconi Perillo mantém o discurso de que o partido precisa voltar a oferecer uma alternativa ao eleitorado que rejeita tanto o petismo quanto o bolsonarismo. E, para ele, Michel Temer representaria a possibilidade de um projeto político centrado na experiência, no diálogo e na moderação — três virtudes cada vez mais raras no atual cenário brasileiro.



