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Que história de cassação engraçada é essa Nina? A quem interessa demonizar a coerência

Em tempos de manchetes apressadas e julgamentos instantâneos, basta uma suspeita para que o acusado seja condenado antes mesmo de se defender. Vivemos a era da pressa moral, em que a verdade perde espaço para o espetáculo e o julgamento se faz nas redes, não nas instituições.

Foi contra essa lógica distorcida que a Câmara Municipal de São José dos Campos se levantou. Ao rejeitar uma denúncia frágil, carente de provas e sustentada por narrativas oportunistas, os vereadores não blindaram um governo; defenderam o devido processo legal, a maturidade institucional e o próprio sentido da Justiça.

A política, quando guiada pelo assombro, se transforma em arena de vinganças. Mas quando conduzida pela razão, preserva o que há de mais essencial: o respeito à verdade. Cassar ou investigar um prefeito é medida grave e exige responsabilidade. Nenhum parlamento digno pode aceitar suposições como se fossem sentenças.

Os que hoje tentam distorcer essa decisão esquecem que o papel do Legislativo não é ceder à histeria pública, mas agir com serenidade, prudência e respeito à lei. Coerência não é conveniência; é coragem de fazer o certo, mesmo quando o certo não agrada aos que vivem do conflito.

Por isso, saúdo publicamente os vereadores que, com firmeza e consciência, votaram pela legalidade e pela justiça: Cláudio Apolinário (PSD), Fabião Zagueiro (PSD), Gilson Campos (PRD), Lino Bispo (PL), Marcão da Academia (PSD), Marcelo Garcia (PRD), Milton Vieira Filho (Republicanos), Rafael Pascucci (PSD), Renato Santiago (União), Roberto do Eleven (PSD), Sidney Campos (PSDB) e Zé Luís (PSD).

Cada um deles demonstrou que a política ainda pode ser espaço de responsabilidade e não de linchamento. Agiram com a serenidade de quem compreende que o mandato é compromisso com a cidade, e o resultado das eleições, que terminaram a mais de um ano, precisa ser respeitado.

Ao contrário do que tentam insinuar, a decisão não protegeu um homem, mas reafirmou a independência do Legislativo e a força das instituições. Em um tempo em que o ódio virou palanque e o engajamento substituiu a razão, defender o devido processo legal é, sim, um ato de coragem.

E é justamente essa coragem; a da coerência, que São José dos Campos testemunhou.

Fabricio Correia é escritor, historiador, jornalista e professor universitário.

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