O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) declarou, em vídeo publicado nesta segunda-feira, que pretende manter sua atuação parlamentar mesmo estando nos Estados Unidos, para onde viajou após ser alvo de ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes.
A fuga, segundo apurações recentes, ocorreu de forma discreta: a investigação aponta que ele deixou o Brasil por Boa Vista, em Roraima, cruzou a fronteira por rotas alternativas — possivelmente pela Venezuela ou pela Guiana — e só então embarcou rumo aos EUA. Lá, afirma ter recebido apoio de aliados do ex-presidente Donald Trump.
Ramagem reagiu publicamente à decisão do STF. Ele argumenta que um parlamentar não poderia ser preso por medida cautelar preventiva e classificou a decisão como “consumação de uma perseguição política”. Moraes determinou sua prisão na sexta-feira, no âmbito do processo em que o deputado foi condenado por participação na trama golpista.
Mesmo fora do país, o deputado insiste que permanece “regular” e apto a exercer o mandato à distância. “Posso continuar trabalhando, mesmo longe, como tantos de outros partidos fazem”, disse, citando Constituição e regimento como respaldo para sua permanência no cargo.
A interpretação, porém, não encontra eco nas regras da Câmara. O presidente da Casa, Hugo Motta, já afirmou em entrevistas anteriores que não existe mandato exercido remotamente. A Constituição prevê que as sessões do Congresso são presenciais e realizadas em Brasília. O parlamentar que faltar a um terço dessas sessões perde o mandato, salvo em caso de licença ou viagem oficial autorizada — nenhuma dessas hipóteses se aplica a Ramagem.
A Câmara informou ainda que não autorizou o deputado a viajar nem a desempenhar funções no exterior. Segundo registros, ele apresentou atestados médicos cobrindo períodos entre setembro e dezembro, mas não há qualquer autorização formal para missão parlamentar.
Enquanto a repercussão política cresce, Ramagem segue nos Estados Unidos, onde pretende permanecer enquanto sua defesa tenta reverter a prisão decretada pelo Supremo.

