O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso na manhã desta quarta-feira (3) durante a Operação Unha e Carne, deflagrada pela Polícia Federal. A ação investiga o suposto repasse de informações sigilosas da Operação Zargun, que resultou, meses atrás, na prisão do então deputado estadual Thiago Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias (MDB).

Segundo a PF, há indícios de que Bacellar teria alertado TH sobre etapas da investigação, permitindo ao aliado contornar diligências e preparar defesas antecipadas. A Polícia Civil do Rio já havia apontado, em inquéritos anteriores, “provas robustas” de que TH usava o mandato para intermediar interesses do Comando Vermelho, negociando armas, drogas e equipamentos antidrone. O nome de Bacellar já aparecia em apurações paralelas sobre possível interferência política.

A operação desta quarta-feira cumpriu um mandado de prisão preventiva contra Bacellar, oito mandados de busca e apreensão e um de intimação judicial para aplicação de medidas cautelares. Todas as ordens foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal.

Cotado como candidato ao governo do Rio em 2026, Bacellar construiu trajetória influente na máquina estadual. Natural de Campos dos Goytacazes, atuou como assessor no Tribunal de Contas do Estado entre 2007 e 2009 e presidiu a Fundação Estadual do Norte Fluminense de 2009 a 2011. Na política, foi eleito deputado estadual em 2018, pelo Solidariedade, com 26.135 votos. Reeleito, assumiu a presidência da Alerj, onde conquistou apoio unânime da Casa.

Em sua biografia oficial, Bacellar afirma ter ingressado na vida pública inspirado pelo pai, Marcos Bacellar, ex-vereador por três mandatos e ex-presidente da Câmara Municipal de Campos.

Procuradas, a Alerj e a assessoria do deputado não comentaram a prisão até a publicação desta reportagem.