Foto: Agência Câmara

Lindbergh Farias muda tom sobre BC e aposta em Galípolo como aliado de Lula

Lindbergh Farias, futuro líder do PT na Câmara, declarou que o partido deve apoiar Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central, mesmo que isso implique tolerar temporariamente a política de elevação da taxa básica de juros. Em entrevista ao “Valor Econômico”, o deputado afirmou que a escolha de Galípolo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa uma mudança significativa no posicionamento do partido em relação à autoridade monetária.

“Galípolo foi escolhido pelo presidente Lula. Isso muda completamente o nosso posicionamento”, disse Lindbergh. O parlamentar enfatizou que o foco inicial do futuro presidente do Banco Central será a estabilização do câmbio. “Para mim, está muito claro que ele entra primeiro com a cabeça no câmbio. Essa questão é fundamental, porque pega na inflação de alimentos, na popularidade, em tudo.”

A declaração marca uma reviravolta na postura de Lindbergh, que durante 2023 e 2024 foi um dos críticos mais vocais da política monetária liderada por Roberto Campos Neto. Ele chegou a classificar o aumento da Selic como um “escândalo” e expressou indignação em suas redes sociais. Agora, Lindbergh vê Galípolo como uma figura que pode alinhar as diretrizes do Banco Central aos interesses do governo.

Segundo o deputado, o diferencial de Galípolo é sua capacidade de construir “expectativas para um ajuste na política de juros” sem estar vinculado à “turma da Faria Lima”, que, segundo Lindbergh, é majoritariamente de oposição ao governo. Para ele, o futuro presidente do Banco Central tem o desafio de enfrentar os impactos da alta do dólar, que recentemente alcançou R$ 6,30 antes de recuar para R$ 6,07 após intervenções do BC. “O dólar bate na carne, e isso já está pegando na inflação e na vida das pessoas.”

Lindbergh também defendeu o pacote fiscal aprovado pelo Congresso, argumentando que ele representa um esforço significativo. “É um esforço fiscal grande, que, ao contrário do que o mercado diz, não é fraco”, afirmou, destacando que a política de valorização do salário mínimo corresponde a metade do pacote.

Em relação à candidatura de Lula à reeleição em 2026, Lindbergh apontou 2025 como o ano crucial para consolidar a posição do governo. Ele também sugeriu que uma reforma ministerial poderia fortalecer o núcleo político para as próximas eleições. “Se a reforma ocorrer, deve estruturar um núcleo para a campanha. É natural que, passados dois anos, o presidente reorganize sua equipe. Mas essa é uma decisão exclusivamente dele.”

O deputado reafirmou que “Lula é o Plano A, B e C” para 2026, mas mencionou os ministros Camilo Santana (Educação) e Fernando Haddad (Fazenda) como possíveis nomes para o futuro.

A mudança de tom de Lindbergh reflete a tentativa do PT de equilibrar a política econômica com as demandas populares, enquanto aposta na gestão de Gabriel Galípolo para fortalecer a estratégia econômica e política do governo.

WhatsApp
Facebook
Twitter