Mesmo diagnosticado com pneumonia e enfrentando recomendações médicas para reduzir a agenda, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve liderar mais uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (29). A presença de Bolsonaro no ato, que visa pressionar o Supremo Tribunal Federal contra um eventual julgamento que pode levá-lo à prisão, gerou apreensão entre lideranças do PL e integrantes de sua base.
Exames recentes apontaram um quadro de infecção pulmonar, além de episódios recorrentes de soluços, o que levou sua equipe médica a sugerir que ele evitasse compromissos públicos. A recomendação, no entanto, foi ignorada. Bolsonaro, que viajou a Belo Horizonte na última quinta-feira, demonstrou cansaço, segundo aliados que o acompanharam.
Internamente, a cúpula do PL avalia a necessidade de rever a agenda do ex-presidente. O líder do partido na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), defendeu mudanças que preservem a saúde de Bolsonaro e melhorem a qualidade dos eventos políticos. Segundo ele, a sobrecarga pode comprometer a capacidade de mobilização do ex-presidente.
Aliados admitem que há um consenso sobre a urgência de poupar Bolsonaro. Após a facada sofrida em 2018 e sete cirurgias subsequentes, o ex-presidente tornou-se uma figura politicamente frágil do ponto de vista físico, ainda que permaneça como o principal expoente da direita brasileira.
O PL aposta fortemente em Bolsonaro para alavancar a candidatura de nomes ao Congresso em 2026. Parte da estratégia eleitoral do partido — que inclui eleger a maior bancada da Câmara e cerca de 40 senadores, com apoio de siglas aliadas — depende diretamente de sua presença e influência.