O anúncio do governo norte-americano de impor uma tarifa de 25% sobre automóveis produzidos fora dos Estados Unidos, com vigência prevista para o início de abril, acendeu o alerta em diversas nações exportadoras, incluindo o Brasil. Desde o dia 12 de março, produtos brasileiros como aço e alumínio já vinham sendo taxados com o mesmo percentual, e o temor é que novas barreiras comerciais sejam adotadas nas próximas semanas.
Diante desse cenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (29), durante visita oficial ao Vietnã, que está disposto a conversar diretamente com o presidente Donald Trump para tentar chegar a um entendimento que evite prejuízos maiores. Lula destacou que, apesar das diferenças ideológicas, a abertura ao diálogo é essencial. “Se houver necessidade, não vejo nenhum problema em fazer esse contato”, disse o presidente brasileiro, frisando que divergências políticas não devem impedir uma relação diplomática madura.
A fala de Lula acontece em um momento em que o Brasil avalia alternativas para proteger seus interesses comerciais, inclusive levando a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC), caso não haja avanço nas negociações. Ele reiterou que o objetivo principal é buscar uma solução negociada antes de recorrer a medidas mais duras como tarifas recíprocas.
“Queremos usar todos os recursos diplomáticos antes de partir para uma disputa formal”, destacou Lula, mencionando que o Brasil tem intensificado diálogos com autoridades norte-americanas, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
A visita ao Vietnã, aliás, rendeu avanços comerciais significativos, como a abertura do mercado vietnamita à carne brasileira e o fortalecimento da relação bilateral, incluindo possíveis acordos na área da aviação civil.
O clima entre Brasil e EUA, embora tenso, ainda permite margem para articulações. Lula aposta no bom senso e na diplomacia como pontes para manter o comércio fluindo em meio à maré protecionista que volta a rondar Washington.