Foto: Reprodução

Candidato apoiado por Trump lidera primeira parcial presidencial em Honduras

Honduras amanheceu sob a tensão de uma disputa apertada e de um cenário internacional que passou a pressionar o próprio rito democrático do país. Nasry Asfura, 67 anos, ex-prefeito de Tegucigalpa e figura tradicional do Partido Nacional, aparece na frente da apuração com 40,5% dos votos, segundo dados parciais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Ele supera por 1,5 ponto o também candidato de direita Salvador Nasralla, 72 anos, apresentador de televisão e nome do Partido Liberal.

A eleição, realizada no domingo (30), foi atravessada por um episódio sem precedentes na diplomacia recente: a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de cortar a ajuda norte-americana ao país caso Asfura — a quem apoia abertamente — não seja eleito. O gesto repercutiu em Tegucigalpa como interferência direta e acrescentou camadas de tensão a um pleito já marcado por denúncias antecipadas de fraude.

Mais distante, com mais de 20 pontos de diferença, está Rixi Moncada, 60 anos, advogada e candidata do partido governista Livre. Ela declarou que só reconhecerá o resultado após a totalização completa das urnas, processo que pode se estender por dias. Até o momento, apenas 42,65% das urnas foram apuradas, oito horas após o encerramento da votação.

A disputa expõe a encruzilhada hondurenha: manter o primeiro governo de esquerda liderado por Xiomara Castro ou retomar a hegemonia conservadora tradicional do país, agora reforçada pelo alinhamento explícito a agendas externas. O presidente argentino Javier Milei também manifestou apoio a Asfura.

Nasralla, que aparece tecnicamente competitivo, afirmou acreditar em uma mudança no quadro quando a apuração avançar. Analistas locais, como Carlos Cálix, destacam que a margem entre os dois primeiros impede qualquer previsão segura neste estágio.

Quase 6,5 milhões de hondurenhos estavam aptos a votar para escolher o novo presidente, além de deputados e prefeitos para mandatos de quatro anos. O CNE não informou a taxa de participação.

Apesar da atmosfera carregada por suspeitas e retórica agressiva, o dia de votação transcorreu com tranquilidade, de acordo com a missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em Washington, o governo norte-americano declarou acompanhar “de perto” o desenrolar do processo eleitoral.

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