Jair Bolsonaro (PL) anunciou o cancelamento de todas as suas atividades públicas e entrará em um período de “repouso absoluto” durante o mês de julho. A decisão, segundo aliados, ocorre num momento estratégico: o ex-presidente enfrenta cobranças para definir o futuro de sua liderança política e indicar um nome de confiança para herdar seu espaço eleitoral.
O afastamento foi divulgado nesta terça-feira (1º), após Bolsonaro ser submetido a uma consulta médica de urgência. Aos 70 anos, o ex-presidente enfrenta episódios recorrentes de soluços e vômitos, que, segundo ele, chegam a comprometer sua capacidade de falar.
Em nota conjunta, os médicos Claudio Birolini e Leandro Echenique explicaram que o repouso visa a recuperação completa de Bolsonaro após um histórico recente de cirurgia abdominal, internação prolongada, pneumonia e crises persistentes de soluço. “Durante este período, ele ficará afastado das rotinas políticas e retornará assim que estiver plenamente recuperado”, destacaram.
Nesta quarta (2), um boletim médico atualizou o quadro de saúde do ex-presidente: Bolsonaro foi submetido a uma endoscopia que diagnosticou esofagite. Com isso, o tratamento medicamentoso será reforçado, e foram reforçadas as recomendações de evitar esforço na fala, manter alimentação controlada e repousar com acompanhamento familiar.
Os mesmos médicos foram responsáveis pelo procedimento cirúrgico a que ele foi submetido em abril, após um mal-estar sentido durante compromissos no interior do Rio Grande do Norte, o que levou a uma internação de 21 dias.
O afastamento das atividades políticas ocorre em meio a um clima de instabilidade entre os apoiadores do ex-presidente, agravado por um ato recente na avenida Paulista que registrou participação abaixo do esperado. Nos dias que antecederam a manifestação, Bolsonaro já havia relatado indisposição, episódios de vômito e insônia frequente, de acordo com pessoas próximas.
O silêncio de julho, ao que tudo indica, será mais do que um conselho clínico: pode ser também uma pausa estratégica num tabuleiro político em que os movimentos do ex-presidente seguem sendo decisivos.