A declaração polêmica da primeira-dama Janja da Silva contra o empresário Elon Musk durante o painel do G20 Social, no último sábado (16), colocou o Brasil em uma situação desconfortável no cenário diplomático. Ao reagir a uma interrupção causada pela buzina de um navio, Janja mencionou o nome de Musk e usou a expressão “Fuck you, Elon Musk”, o que gerou intensos desdobramentos tanto no campo político quanto diplomático.
A reação de Musk veio rapidamente. Usando a rede social X, ele afirmou: “Eles vão perder a próxima eleição”, elevando a temperatura da controvérsia. O episódio não apenas inflamou os ânimos na política nacional, mas também despertou preocupações entre diplomatas brasileiros, que consideram o momento delicado para as relações bilaterais com os Estados Unidos.
Diplomatas de alto escalão avaliaram o episódio como um desgaste desnecessário, especialmente em um momento em que o Brasil busca se posicionar com neutralidade e pragmatismo diante da iminente posse do novo governo norte-americano. A vitória de Donald Trump acendeu o alerta no Palácio do Planalto e no Itamaraty, que têm se esforçado para construir uma relação baseada no respeito, evitando repetir as tensões diplomáticas do passado.
A postura de Janja foi vista como um “tiro no pé” por parte de negociadores, que tentam alinhar os interesses estratégicos do Brasil com os dos EUA. A fala da primeira-dama foi criticada como um desmonte dos esforços para consolidar uma relação de confiança, já que o empresário Elon Musk é próximo do círculo de poder conservador americano e de figuras como o senador Marco Rubio, que assumirá papel central na diplomacia dos EUA a partir de 2025.
Além disso, o episódio ocorreu em um contexto em que aliados da direita brasileira nos EUA tentam fortalecer a narrativa de que há uma perseguição política contra a oposição no Brasil. A resposta de Musk foi rapidamente aproveitada por esses grupos como um combustível adicional para críticas ao governo Lula.
Enquanto o governo brasileiro tenta reforçar sua imagem no exterior como um parceiro confiável e respeitável, incidentes como esse colocam em xeque os esforços para evitar atritos desnecessários com Washington. No atual cenário internacional, a construção de pontes é crucial, e falas impulsivas podem dificultar avanços na relação com uma administração que, ao que tudo indica, será menos receptiva a alinhamentos automáticos.
Para analistas, o episódio reforça a necessidade de maior alinhamento interno no governo brasileiro, com comunicações públicas que considerem o impacto internacional. Janja, enquanto figura pública central, desempenha um papel crucial nesse cenário, mas episódios como esse evidenciam os riscos de declarações que possam ser vistas como pessoais em um contexto de política externa.