A Polícia Federal está investigando o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção que teria manipulado eleições municipais em 51 cidades do Ceará. O parlamentar é acusado de ser uma peça central em operações que incluíram a compra de votos e o desvio de recursos provenientes de emendas parlamentares. Documentos obtidos pela investigação indicam que parte dos recursos destinados por ele, no formato conhecido como “emendas Pix”, foi desviada para financiar atividades ilícitas.
Entre 2021 e 2024, cerca de 45% das emendas alocadas pelo deputado, somando R$ 47 milhões, foram repassadas sem exigência de prestação de contas detalhada. Esses recursos teriam sido direcionados para a compra de votos e fortalecimento da base política do parlamentar em diversas cidades cearenses. Áudios anexados ao inquérito apontam que prefeitos aliados participaram diretamente da operação.
Um dos principais nomes envolvidos no esquema é Carlos Alberto Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto do Choró, acusado de liderar as operações com o apoio de Júnior Mano. Bebeto foi preso em novembro, mas liberado posteriormente e está atualmente foragido. Mesmo nessa condição, foi diplomado prefeito de Choró e poderá assumir o cargo por procuração.
O caso, que envolve acusações de corrupção e lavagem de dinheiro, está sendo analisado pelo Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, devido ao foro privilegiado de Júnior Mano. Enquanto isso, o Ministério Público solicita a cassação da chapa de Bebeto, com base em depoimentos e provas que reforçam as denúncias de compra de votos.
A investigação revelou ainda que um suspeito foi preso em flagrante com R$ 600 mil em espécie e admitiu a existência do esquema. Uma prefeita da região confirmou em depoimento que os recursos desviados eram lavados antes de serem utilizados para garantir apoio político.
Em sua defesa, Júnior Mano negou todas as acusações e afirmou que seu nome está sendo usado de maneira indevida. Seus advogados pediram sigilo total sobre o processo, enquanto a Polícia Federal segue coletando provas e depoimentos para aprofundar as investigações. O caso reacende debates sobre a falta de transparência no uso de emendas parlamentares e os riscos associados a repasses sem rastreabilidade adequada.