Em defesa da Jovem Pan, a voz para todos

Vivemos um tempo em que a própria essência da democracia brasileira está sendo violada. O pedido do Ministério Público Federal pelo cancelamento das outorgas da Jovem Pan expõe, de forma cristalina, a inversão de valores que domina parte das instituições. Não se trata apenas de uma ação jurídica contra uma emissora: é a profanação da Constituição, censura institucionalizada, a confirmação de que estamos diante de uma perigosa ditadura da toga.

A Jovem Pan, maior rede de rádios do Brasil, com mais de 80 anos de história, é acusada de ser “indigna” de concessões públicas por dar voz a opiniões divergentes, por sustentar análises que não se alinham ao pensamento único que uma elite togada e doutrinada tenta impor. O absurdo é evidente: em vez de incentivar o debate, a pluralidade e a crítica, pilares da vida democrática, busca-se sufocar, calar, domesticar. O que deveria ser defesa da democracia transforma-se em ataque brutal à jovem democracia brasileira.

A Constituição garante a liberdade de imprensa e de expressão como cláusulas pétreas. Não são favores, não são concessões dos poderosos: são direitos invioláveis. E, no entanto, assistimos a um movimento que mascara censura como “responsabilidade”, que confunde divergência com crime, que chama jornalismo sério de desinformação. É a velha tática autoritária: atacar quem questiona, punir quem pensa diferente e perseguir quem não se curva. E não vamos nos curvar!

O maior risco não está no microfone da Jovem Pan, mas na sanha de transformar a Justiça em palco de doutrinamento ideológico, submetendo toda a sociedade ao silêncio forçado. O verdadeiro golpe contra o Estado de Direito não se dá no debate acalorado das rádios, mas no cerco togado que tenta ditar o que pode ou não ser dito.

Defender a Jovem Pan hoje é defender a liberdade de todos amanhã. É dizer não à censura, não à perseguição, não ao arbítrio. É afirmar que uma democracia não se constrói com unanimidades artificiais, mas com o choque saudável das diferenças. É recusar a submissão a um projeto que, sob o pretexto de proteger, macula ainda mais a nossa frágil democracia.

O Brasil precisa escolher: ou seguimos vigilantes, atentos, firmes na defesa da liberdade, ou seremos cúmplices de uma mordaça que não poupará ninguém. A Jovem Pan é símbolo de resistência e, por isso mesmo, alvo. Não é a emissora que está no banco dos réus, mas a própria democracia brasileira.

Fabrício Correia é escritor, jornalista, professor universitário com formação em História e Geografia pela Universidade do Vale do Paraíba. É especialista em Acessibilidade, Diversidade e Inclusão. Integra a União Brasileira de Escritores e apresenta na Jovem Pan, o programa jornalístico de entrevistas, “Conversa de Bastidores”.

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