Foto: Agência Brasil

Evo Morales é barrado da disputa presidencial e Bolívia caminha para eleição fragmentada

A Bolívia se prepara para uma das eleições mais imprevisíveis dos últimos anos. Com o prazo de registro de candidaturas encerrado nesta terça-feira (20), ficou confirmada a exclusão do ex-presidente Evo Morales da corrida presidencial marcada para 17 de agosto. A decisão é resultado de um julgamento do tribunal constitucional que reafirmou a limitação de dois mandatos presidenciais por indivíduo, impedindo Morales de tentar um quarto período no comando do país.

Mesmo impedido, Morales declarou que continuará atuando politicamente: “A luta não está perdida, vamos travar a batalha legal e social”, afirmou em entrevista à rádio Panamericana. O ex-presidente governou a Bolívia de 2006 a 2019 e foi o primeiro indígena a ocupar o cargo máximo do país. Sua saída compulsória da disputa ocorre em meio a mobilizações de seus apoiadores, que têm organizado protestos e bloqueios em sinal de descontentamento.

O partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), que teve papel dominante na política boliviana nas últimas décadas e ampliou a representação indígena no país, enfrenta agora um cenário de divisão interna. Pelo menos três alas diferentes da sigla apresentarão candidaturas próprias à Presidência, expondo um racha que enfraquece sua força tradicional.

Entre os nomes confirmados estão Eduardo del Castillo, ex-ministro do Interior apoiado pelo atual presidente Luis Arce — hoje rival de Morales —, e o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, que formalizou sua intenção de concorrer, embora dependa de decisão judicial. Eva Copa, ex-senadora do MAS e atual prefeita de El Alto, também entrou na disputa por um novo partido, o Morena.

Ao todo, dez candidatos disputarão a Presidência em meio a um ambiente de crise econômica e crescente insatisfação popular. O analista político Carlos Saavedra aponta que é improvável que algum concorrente vença no primeiro turno ou consiga ampla maioria no parlamento: “A fragmentação é grande. A vitória direta é improvável, e menos ainda alguém conquistar dois terços da Assembleia”, avalia.

Com o MAS dividido e Evo Morales fora da disputa, a Bolívia entra em uma nova fase política, marcada pela incerteza e por uma reconfiguração de forças.

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