A prisão do general Walter Braga Netto, ex-ministro de Jair Bolsonaro, ocorreu neste sábado (14), embasada por evidências que apontam sua atuação para obstruir a Justiça e organizar ações golpistas. Elementos-chave vieram à tona após depoimentos e perícias realizadas pela Polícia Federal (PF), envolvendo desde tentativas de acessar informações sigilosas até a coordenação de planos ilícitos.
A delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi central para as investigações. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Braga Netto tentou obter detalhes confidenciais da colaboração premiada de Cid, buscando manipular informações e alinhar versões entre os investigados. Essa ação foi qualificada como tentativa de embaraçar as investigações em andamento.
No celular do general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, a PF recuperou mensagens apagadas que apontam para conversas intensas sobre o desvio de joias envolvendo Bolsonaro. O nome de Braga Netto aparecia nos contatos como “Walter BN”. As mensagens também indicam contatos entre os pais de Mauro Cid e generais da gestão Bolsonaro, incluindo Braga Netto e Augusto Heleno, tentando desacreditar informações divulgadas pela imprensa sobre a delação.
Outra evidência significativa foi encontrada na sede do Partido Liberal, em Brasília. Sobre a mesa de um assessor de Braga Netto, havia um documento contendo perguntas atribuídas ao general, buscando detalhes sobre o que Mauro Cid havia delatado. Embora as respostas não tenham sido escritas pelo ex-ajudante de ordens, ele relatou que havia pressão para revelar informações, mesmo resistindo a colaborar.
Além disso, depoimentos reforçaram o envolvimento de Braga Netto em planos golpistas. Segundo a PF, ele financiou a operação “Punhal Verde e Amarelo”, destinada a impedir a posse de Lula. O general teria entregue dinheiro vivo em uma sacola de vinho para financiar ações como a compra de celulares e chips para comunicação sigilosa. As investigações apontam que o plano incluía a detenção e possível execução de Alexandre de Moraes e dos candidatos eleitos em 2022, utilizando métodos militares e terroristas.
A liderança de Braga Netto nos esquemas foi corroborada pelo relato de reuniões em sua casa com militares das forças especiais, onde discutiram estratégias de monitoramento contra autoridades. Para Moraes, os elementos apresentados configuram o papel central do general na organização, financiamento e execução das ações investigadas.
A Agência Brasil segue tentando contato com a defesa de Braga Netto para comentar as acusações.
Fonte: Agência Brasil
Reportagem: Conversa de Bastidores