Após quase duas décadas fora do Congresso Nacional, Heloísa Helena voltou a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (16). A parlamentar tomou posse como deputada federal pela Rede Sustentabilidade do Rio de Janeiro, substituindo Glauber Braga, que teve o mandato suspenso por seis meses após decisão do plenário na semana passada.
Em seu pronunciamento de posse, Heloísa fez questão de marcar distância do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixando claro que sua atuação no Legislativo não será guiada por alinhamento com o Palácio do Planalto. A deputada relembrou o rompimento político com o PT ainda no início dos anos 2000, quando era senadora e votou contra a reforma da Previdência aprovada em 2003.
Na ocasião, Heloísa foi expulsa do partido após se posicionar contra a proposta, que, segundo ela, representava perdas significativas para servidores públicos e trabalhadores. Ao revisitar o episódio, afirmou que enfrentou forte pressão política por sustentar sua posição em defesa de direitos sociais.
— Houve momentos neste plenário em que defender servidores públicos significou enfrentar situações de profundo constrangimento, em nome de uma reforma que retirava direitos — declarou.
A parlamentar afirmou que manterá postura crítica diante do Executivo e que não aceitará negociações que, em sua avaliação, contrariem interesses populares. Citou como exemplos projetos ligados à exploração de terras raras e iniciativas que envolvam a privatização de recursos naturais.
— Minha atuação será sem concessões quando houver conciliação com interesses do capital em prejuízo da classe trabalhadora — disse, reforçando que não pretende estabelecer acordos políticos com o governo federal.
Heloísa também saiu em defesa de Glauber Braga, classificando a punição aplicada ao deputado como uma reação do sistema político a posições consideradas incômodas.
Eleita senadora em 1998, Heloísa Helena exerceu mandato até 2007. Após deixar o PT, participou da fundação do PSOL e disputou a Presidência da República em 2006, quando ficou em terceiro lugar. Atualmente, integra a Rede Sustentabilidade e retorna ao Congresso em um contexto marcado por embates ideológicos e tensão entre o Legislativo e o Executivo.

