Foto: Sbt

Morre Silvio Santos aos 93 anos

Morreu sabado (17) um dos maiores apresentadores da história da televisão brasileira: Silvio Santos.

Empresário e dono do SBT, Sílvio Santos tinha 93 anos.

Conhecido como o homem do Baú da Felicidade, Silvio Santos nasceu na Lapa, no Rio de Janeiro, em 1930. Seu nome de batismo era Senor Abravanel. Filhos de imigrantes judeus, tinha cinco irmãos.

Dono de uma voz e uma risada marcantes, a história dele se confunde, desde os anos 60, com a da própria TV no Brasil.

Aos 14 anos, começou a trabalhar como camelô, no centro do Rio. Pego por um fiscal da prefeitura, que enxergou talento no vendedor, Abravanel foi levado pela primeira vez para fazer teste numa rádio. Começava aí a carreira do comunicador.

Autor do livro Topa Tudo por Dinheiro, um perfil biográfico do apresentador, o jornalista Maurício Stycer explica um dos traços mais fortes da carreira de Silvio Santos: o carisma que lhe rendeu alta popularidade.

“Acho que o Silvio tem uma capacidade de comunicação que nenhum outro apresentador jamais teve. E eu acho que a essência desse talento dele é o fato dele sempre falar de igual para igual com todo mundo na televisão. Com o famoso e com o anônimo, com o rico e com o pobre. Ele encontrou um jeito de se comunicar que é muito convincente e sedutor. E eu acho que isso realmente é uma marca que ninguém tira do Silvio e é inimitável.”

No início da década de 1950, Silvio Santos se mudou para São Paulo, onde ganhou do amigo Manuel da Nóbrega um negócio que não estava muito bem: o Baú da Felicidade, empresa que seria o carro-chefe de seu grupo empresarial por décadas.

“Se tivesse que contar a minha história, desde os 14 anos, quando eu comecei a minha vida de camelô, eu acho que dariam três ou quatro volumes. Quem quer se meter em qualquer tipo de negócio é não se preocupar com os elogios ou com as críticas. Se você fizer aquilo que a sua intuição manda e usar bom senso, deixando de lado a vaidade, você tem todas as possibilidades de conseguir o seu objetivo. Pelo menos foi assim que eu consegui de camelô a ser banqueiro.”

Chegou à televisão em 1961, apresentando o programa “Vamos Brincar de Forca”, na TV paulista:

“Quem quer dinheiro?”

Em 1975 fundiu de vez as carreiras de apresentador e de empresário: o então ditador Geisel assinou a outorga de um canal de TV no Rio de Janeiro, embrião para a fundação, em 1981, do SBT.

Apresentou programas que fizeram história na televisão brasileira, como Show de Calouros, Porta da Esperança e Topa Tudo por Dinheiro.

Silvio Santos também tentou enveredar pela carreira política. Em 1989, tentou concorrer à presidência da República, na primeira eleição direta após a ditadura.

Em 2001, viveu um ano conturbado e de extrema exposição pública. Foi homenageado pela escola de samba tradição, no carnaval carioca e, em agosto, viveu o sequestro da filha Patrícia e, na sequência, o dele próprio.

Comunicador de talento e carisma inquestionáveis, Silvio Santos também se envolveu em polêmicas ao longo da carreira: desde o lobby junto aos generais da ditadura para conseguir as concessões dos canais de tv, até declarações discriminatórias nos últimos anos, em seu programa de auditório. Para Stycer, a carreira de Silvio é marcada pela habilidade do empresário em lidar com o poder:

“A trajetória do Silvio como empresário e dono de canal de televisão e ao mesmo tempo já apresentador, ela é muito peculiar e também eu acho que ela é muito marcada pela habilidade do Silvio de construir a rede de televisão dele. E essa habilidade está ligada a uma enorme flexibilidade que ele sempre teve no trato com o poder, com os políticos de uma maneira geral e com os donos do poder em particular”

Silvio Santos deixa a mulher Íris, duas filhas do primeiro casamento, quatro filhas do segundo casamento, além de netos e bisnetos.

 

Edição: Daniella Longuinho / Eliane Gonçalves

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