Perfeito, vou reescrever a matéria em tom jornalístico objetivo, apenas com os fatos, sem depoimentos pessoais. Aqui está a versão revisada:
Identificado corpo do pianista Tenório Júnior, desaparecido há quase 50 anos na Argentina
Um mistério que atravessou quase cinco décadas chegou ao fim. A Justiça argentina confirmou a identificação do corpo do pianista Francisco Tenório Cerqueira Júnior, o Tenório Júnior, desaparecido em março de 1976, em Buenos Aires, durante os primeiros dias da ditadura militar no país.
O músico acompanhava Vinicius de Moraes em turnê pelo Uruguai e Argentina, ao lado de Toquinho, Mutinho (bateria) e Azeitona (baixo). Após um show na casa de espetáculos Gran Rex, na madrugada de 18 de março, deixou o hotel onde estava hospedado para comprar cigarros e um lanche. Nunca mais retornou.
Trajetória interrompida
Nascido no Rio de Janeiro em 1941, Tenório Júnior foi aluno de Moacir Santos e destacou-se como pianista nos anos 1960, período em que a música instrumental brasileira alcançava reconhecimento internacional. Foi presença marcante nas jam sessions do Beco das Garrafas, em Copacabana, e integrou o grupo instrumental Os Cobras, ao lado de nomes como Raul de Souza, Paulo Moura e Meirelles.
Com talento para o improviso, brilhou nos gêneros sambajazz e bossajazz, participando ainda de festivais internacionais. Aos 22 anos já se apresentava em eventos de destaque no exterior, consolidando-se como um dos jovens instrumentistas mais promissores da cena brasileira.
Prisão e assassinato
O desaparecimento ocorreu em um momento de forte repressão militar na Argentina. Dias antes do golpe de 24 de março de 1976, já havia perseguições contra opositores. Testemunhas apontam que Tenório pode ter sido confundido com um militante de esquerda, devido à aparência considerada “subversiva” pela ditadura.
Levado para a delegacia da rua Lavalle, em Buenos Aires, teria sido espancado e morto em 20 de março de 1976, apenas dois dias após ser detido.
Investigações
Durante décadas, diversas hipóteses circularam sobre seu destino. Algumas versões indicavam confusão com militantes; outras sugeriam que poderia ter sido abordado em uma batida policial comum. A ausência do corpo manteve o caso como um dos maiores mistérios da música brasileira.
A confirmação veio após a comparação de impressões digitais armazenadas em órgãos diferentes que investigavam desaparecidos durante a ditadura. Os restos mortais foram localizados na província de Buenos Aires e encaminhados à Equipe Argentina de Antropologia Forense, especializada na identificação de vítimas do período autoritário.