Com a eleição presidencial dos Estados Unidos ocorrendo nesta terça-feira, a RMVale acompanha atentamente os desdobramentos, impulsionada por interesses comerciais e políticos que podem impactar diretamente a região. Os EUA não apenas são o maior parceiro comercial da RMVale, mas também um destino crucial para suas exportações, especialmente no setor aeroespacial.
Dados do governo federal revelam que, de janeiro a setembro de 2024, as exportações da RMVale para os Estados Unidos alcançaram US$ 2,224 bilhões, representando 27% do total exportado pela região (US$ 8,239 bilhões). São José dos Campos, sede da Embraer, desempenha um papel fundamental nesse cenário, com a aviação compondo 55% das exportações da cidade para os EUA. O Canadá e as Ilhas Cayman seguem como destinos menores, respondendo por 24% e 7,89%, respectivamente.
Além da aviação, o setor industrial da RMVale é diretamente afetado pelas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Durante a gestão de Joe Biden, as importações americanas da região cresceram 23%, enquanto a China, o segundo maior parceiro comercial da RMVale, aumentou suas compras em 10,81%, totalizando US$ 1,763 bilhão (21,40% das exportações). A continuidade desse crescimento está em jogo, especialmente sob a possibilidade de uma nova administração republicana, que tradicionalmente adota políticas protecionistas.
Trump e o risco de tensões comerciais e políticas
Caso Donald Trump vença a eleição, especialistas apontam uma possível reorientação para uma política mais protecionista, o que poderia restringir as exportações brasileiras. Embora Trump tenha adotado uma retórica nacionalista, focada na proteção de empregos americanos, ele também mantém uma postura conflituosa em relação à China. O cenário de confrontos comerciais entre EUA e China pode afetar o Brasil, que possui uma parceria importante com os chineses. Com uma vitória republicana, a RMVale poderia enfrentar desafios na balança comercial, especialmente nos setores mais dependentes do mercado norte-americano.
Por outro lado, uma vitória de Kamala Harris representaria, possivelmente, a continuidade das políticas de Biden, que visaram um crescimento econômico moderado e uma relação diplomática mais estável com o Brasil. Harris também tem demonstrado interesse em preservar a relação com o Brasil como uma ponte econômica para a América Latina, o que é um ponto positivo para a RMVale, dado seu peso na indústria e na exportação.
Riscos de instabilidade social e política
Além dos impactos econômicos, a eleição americana suscita preocupações com possíveis conflitos internos nos EUA. O jornalista Jamil Chade, colunista do UOL, destaca o risco de episódios de violência em caso de derrota de Trump. A recusa do ex-presidente em aceitar a derrota em 2020 levou à invasão do Capitólio, um evento que ressoou globalmente e reforçou a polarização na sociedade americana. Para 2024, Trump tem repetido que uma derrota seria resultado de “corrupção” no sistema de votos, estimulando a teoria de fraude entre seus apoiadores.
Essa narrativa, se intensificada, pode desestabilizar o país e gerar um clima de insegurança política, impactando o comércio exterior. A possibilidade de novas disputas judiciais e protestos violentos preocupa autoridades, que ativaram a Guarda Nacional para garantir a segurança no dia da eleição. O governo americano elevou o status do dia de certificação da eleição para “Evento Especial de Segurança Nacional”, uma medida que reflete a magnitude das tensões.
RMVale
Independentemente do vencedor, os desdobramentos das eleições presidenciais americanas terão efeitos na RMVale, seja pela continuidade da relação comercial ou por possíveis ajustes nas políticas de importação. A eleição não é apenas uma escolha interna dos EUA, mas uma decisão que influenciará diretamente a economia e a política global, incluindo a estabilidade dos mercados que sustentam economias locais como a da RMVale.