Joseph Aoun, comandante-chefe do exército libanês, foi eleito presidente do Líbano nesta quinta-feira (9), em votação realizada pelo Parlamento. A eleição encerra um período de mais de dois anos em que o país esteve sem um chefe de Estado em exercício.
A vitória de Aoun foi anunciada pelo presidente do Parlamento, Nabih Berri, que informou que o general obteve 99 dos 128 votos no segundo turno, após não alcançar a maioria necessária no primeiro turno realizado no mesmo dia.
Aos 61 anos, completados nesta sexta-feira (10), Joseph Aoun assume a presidência sem experiência política anterior. Ele sucede Michel Aoun, com quem não possui parentesco, e põe fim ao governo provisório do Conselho de Ministros, que vinha atuando na ausência de um presidente desde outubro de 2022. O mandato presidencial no Líbano tem duração de seis anos.
Primeiras declarações
Em seu discurso de posse, Aoun afirmou que o país entra em um novo momento. “Hoje começa uma nova fase na história do Líbano”, declarou aos parlamentares.
Referindo-se ao recente acordo de trégua de 60 dias com Israel, em vigor desde 27 de novembro, o novo presidente destacou o compromisso de respeitar o cessar-fogo e afirmou que trabalhará pela retirada da “ocupação israelense”. Os últimos conflitos entre Israel e o Hezbollah causaram destruição em várias regiões do Líbano, incluindo Beirute, e atingiram civis.
Além disso, Aoun enfatizou que o Estado libanês terá o controle exclusivo sobre as armas, em referência aos confrontos envolvendo o Hezbollah. Ele também anunciou que buscará acelerar as consultas parlamentares para a nomeação de um novo primeiro-ministro, respeitando a tradição política do país, segundo a qual o presidente deve ser um cristão maronita e o premiê, um muçulmano sunita.
Reações internacionais
A eleição de Joseph Aoun foi recebida com saudações internacionais. A embaixada do Irã em Beirute celebrou o resultado, destacando a expectativa de cooperação entre os dois países. Em comunicado divulgado nas redes sociais, o Irã afirmou estar disposto a colaborar em diversos campos de interesse mútuo.
Israel, por sua vez, também comentou a eleição. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, expressou esperança de que a escolha de Aoun contribua para a estabilidade regional e para o bem-estar do povo libanês. Apesar das tensões históricas e recentes conflitos envolvendo Israel e o Hezbollah, Saar destacou a possibilidade de relações mais estáveis no futuro.
A posse de Aoun ocorre em um momento delicado para o Líbano, que enfrenta desafios internos e regionais. Sua gestão será observada de perto pela comunidade internacional e pela população libanesa, que espera por soluções para os problemas econômicos, sociais e políticos do país.