O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (9) a nomeação de Sébastien Lecornu, 39 anos, como novo primeiro-ministro do país. Aliado de longa data do presidente, Lecornu já havia dirigido a campanha de reeleição de Macron em 2022 e ocupava até então o cargo de ministro da Defesa.
A escolha ocorre após o colapso do governo no Parlamento e em meio a uma onda de descontentamento popular, marcada por protestos nacionais convocados para esta semana. A decisão de Macron contraria expectativas de que buscaria um nome mais inclinado à esquerda e confirma sua intenção de manter a agenda econômica liberal que marcou seus dois mandatos.
Lecornu iniciou sua trajetória política ainda adolescente, na campanha do ex-presidente Nicolas Sarkozy, e se tornou prefeito de uma pequena cidade da Normandia aos 18 anos. Foi também o mais jovem assessor do governo Sarkozy, aos 22 anos. Posteriormente, deixou o partido conservador Les Républicains para se unir ao movimento centrista de Macron, em 2017.
Com perfil conservador, Lecornu simboliza a estratégia de Macron de preservar as reformas pró-mercado, como a redução de impostos para empresas e grandes fortunas e o aumento da idade de aposentadoria. Esses pontos são duramente criticados pela oposição socialista, que prometeu revertê-los.
A nomeação representa o quinto primeiro-ministro escolhido por Macron em menos de dois anos. O novo chefe de governo terá como desafio imediato buscar consenso no Parlamento para a aprovação do orçamento de 2026. A dificuldade em aprovar cortes de gastos já havia levado à queda de François Bayrou, que deixou o cargo após enfrentar forte resistência de parlamentares e da sociedade.
Analistas avaliam que a decisão pode ampliar o isolamento político do presidente e torná-lo ainda mais dependente do apoio da legenda de extrema-direita Rally Nacional, de Marine Le Pen, para garantir maioria legislativa.
Enquanto isso, sindicatos e movimentos sociais preparam manifestações sob o lema “Block Everything” (“Bloqueie tudo”), previstas para esta quarta-feira (10), o que aumenta a pressão sobre o novo governo em um cenário de turbulência econômica e social.