Foto: Reprodução

Nepal convoca eleições antecipadas após onda de protestos e violência

O Nepal anunciou neste sábado (13) a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições para 5 de março de 2026, em meio à pior crise política desde a queda da monarquia em 2008. A decisão foi comunicada pelo presidente Ramchandra Paudel, dias depois de manifestações anticorrupção e contra a censura digital tomarem as ruas do país, deixando pelo menos 51 mortos e mais de 1.300 feridos.

Poucas horas antes do anúncio, Paudel havia nomeado a ex-presidente da Suprema Corte, Sushila Karki, como primeira-ministra interina. Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo e assumiu a chefia do governo após a renúncia de K.P. Sharma Oli, pressionado pelos protestos conhecidos como “Geração Z”, movimento liderado por jovens contrários ao autoritarismo e à corrupção.

A escolha de Karki foi resultado de dois dias de negociações entre o presidente, o comandante do Exército, Ashok Raj Sigdel, e representantes dos manifestantes. Sua nomeação era uma exigência dos protestos, que incendiaram prédios públicos e casas de políticos em Katmandu. A expectativa é de que a nova líder organize a transição e conduza o país até as eleições.

Os protestos começaram após uma proibição temporária do uso de redes sociais, medida que já foi revogada, mas que serviu de estopim para a insatisfação popular. A violência só diminuiu na última terça-feira (9), quando Oli anunciou sua saída.

O Nepal, com cerca de 30 milhões de habitantes, vive desde 2008 o desafio de consolidar suas instituições democráticas após séculos de monarquia sob a dinastia Shah. A instabilidade política, somada à falta de empregos, tem levado milhões de nepaleses a buscar trabalho no exterior. A chegada de Sushila Karki ao poder, ainda que de forma interina, representa uma tentativa de estabilizar o país em meio ao luto e à expectativa por mudanças profundas.

 

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