O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, perdeu nesta segunda-feira (16) o voto de confiança no Parlamento, consolidando o colapso de seu governo e abrindo caminho para eleições antecipadas, previstas para fevereiro de 2025. A votação, considerada uma formalidade após a perda de maioria no Bundestag, contou com 394 votos pela dissolução do governo contra 207 a favor de Scholz, além de 116 abstenções.
A crise política teve início em novembro, quando Scholz demitiu o ministro das Finanças após divergências sobre a política econômica. A decisão provocou a renúncia coletiva dos membros do Partido Liberal de seu gabinete, deixando o governo social-democrata sem apoio suficiente para governar.
Com o colapso da coalizão, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, deve decidir em até 21 dias se dissolve o Parlamento. Caso o Bundestag seja dissolvido, a legislação alemã exige que novas eleições sejam realizadas em até 60 dias, com a data definida pelo próprio presidente. Enquanto isso, Scholz continuará no cargo até que um novo governo seja formado.
Contexto histórico e político
Essa será apenas a quarta vez que a Alemanha realiza eleições antecipadas desde a criação de seu estado moderno, há 75 anos. A última moção de confiança ocorreu em 2005, quando o então chanceler Gerhard Schröder optou por convocar eleições antecipadas, que acabaram vencidas pela desafiante Angela Merkel.
Atualmente, as pesquisas indicam que o Partido Social-Democrata (SPD), de Scholz, que ocupa 207 cadeiras no Parlamento, está atrás da União de centro-direita, liderada por Friedrich Merz. Robert Habeck, vice-chanceler e representante dos Verdes, também está concorrendo ao cargo, mas enfrenta dificuldades nas pesquisas. Já o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha, que apresenta Alice Weidel como candidata, permanece isolado devido à rejeição de alianças com outras legendas.
Impacto internacional
A instabilidade na maior economia da União Europeia ocorre em um momento delicado, marcado pelas tensões com a Rússia devido à guerra na Ucrânia. Além disso, a crise política reflete uma tendência vista em outros países do bloco, como a França, que também enfrenta desafios de governabilidade.
A crise no governo Scholz
A demissão do ministro das Finanças, defensor de uma política de austeridade, foi o estopim para a crise. Após o afastamento, Scholz justificou sua decisão alegando a necessidade de um governo mais coeso. “Precisamos de um governo capaz de tomar as decisões necessárias para o nosso país”, declarou o chanceler em um discurso que, no entanto, não conseguiu reverter o desgaste político.
Com a perda de apoio no Parlamento e a iminência das eleições, a Alemanha entra em uma nova fase política, que definirá não apenas o futuro de seu governo, mas também seu papel na liderança europeia.