O parlamento da Coreia do Sul aprovou, neste sábado (14), o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol com 204 votos favoráveis, 85 contrários, 3 abstenções e 8 votos nulos. A medida foi tomada após uma série de acusações relacionadas à decretação da Lei Marcial no início de dezembro, considerada inconstitucional pela Assembleia Nacional. O quórum necessário para a aprovação era de dois terços dos votos, ou 200 deputados, no parlamento que conta com 300 cadeiras.
Com o afastamento, o primeiro-ministro Han Duck-Soo assumirá interinamente o cargo, enquanto o processo segue para o Tribunal Constitucional, que terá até 180 dias para decidir se destitui o presidente ou o reintegra ao posto. Caso a destituição seja confirmada ou o presidente renuncie, uma nova eleição presidencial será convocada em até 60 dias.
A crise foi desencadeada pela declaração da Lei Marcial, que dá amplos poderes aos militares em situações de emergência. A Assembleia Nacional acusou Yoon Suk Yeol de abuso de poder e de liderar uma tentativa de subverter a Constituição. O ato gerou protestos em todo o país, com milhares de manifestantes pedindo a renúncia do presidente. Em Seul, 200 mil pessoas comemoraram o resultado da votação, enquanto 30 mil apoiadores se reuniram para defender Yoon.
Yoon Suk Yeol, eleito em 2022, enfrentou uma gestão marcada por controvérsias, incluindo propostas polêmicas, como a abolição do Ministério de Gênero, e denúncias de ameaças à liberdade de imprensa. Em discurso após o resultado, ele afirmou estar “profundamente frustrado” e disse que se afastará para refletir.
O Tribunal Constitucional, que decidirá o futuro de Yoon, enfrenta um desafio incomum, pois conta atualmente com apenas seis juízes, em vez dos sete necessários para deliberações, devido a vagas ainda não preenchidas. Essa lacuna gera incertezas sobre como o processo será conduzido.
Este é o primeiro impeachment presidencial aprovado na história da Coreia do Sul desde sua transição para a democracia, há 37 anos. O desfecho do caso poderá redefinir o cenário político do país, que atualmente enfrenta uma de suas crises institucionais mais graves.