Um relatório da Polícia Federal aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria autorizado uma tentativa de golpe de Estado até o dia 31 de dezembro de 2022, último dia de seu mandato. A informação foi revelada durante as investigações que desarticularam um plano de assassinato contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O general Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro, é um dos principais envolvidos na trama. Segundo o relatório, Fernandes teria informado ao então ajudante de ordens Mauro Cid que Bolsonaro havia dado aval para a tentativa de golpe. Fernandes é um dos cinco presos na operação da PF.
O plano de golpe e o atentado
O plano, batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, foi desarticulado após meses de monitoramento pela PF. Ele envolvia militares das Forças Especiais e um agente da própria corporação, evidenciando a infiltração de elementos golpistas nas estruturas do Estado. De acordo com as autoridades, o objetivo era assassinar os líderes democráticos para inviabilizar a posse do governo eleito em 2022 e instaurar um regime autoritário.
O relatório indica que a conspiração estava em andamento desde o final de 2022 e incluía reuniões e mensagens trocadas entre os envolvidos, demonstrando a gravidade e a organização do esquema.
Conexões com os atos de 8 de janeiro
A revelação da PF reforça as conexões entre o ambiente político fomentado durante o governo Bolsonaro e os atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes golpistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Especialistas apontam que as ações de Bolsonaro e de seus aliados criaram um ambiente de radicalização que encorajou movimentos antidemocráticos.
Investigações continuam
A operação segue em andamento, e a Polícia Federal ainda investiga possíveis financiadores e outros envolvidos na trama. As prisões realizadas até agora incluem figuras próximas ao governo Bolsonaro, e novos desdobramentos são esperados nos próximos dias.
A defesa de Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre as acusações até o momento. O ex-presidente, que tem mantido um perfil discreto desde o fim de seu mandato, enfrenta uma série de investigações que abrangem tanto sua conduta no cargo quanto ações de seus aliados.