Foto: Reprodução

Primeiro-ministro do Nepal renuncia em meio a protestos anticorrupção

O primeiro-ministro do Nepal, K.P. Sharma Oli, de 73 anos, renunciou ao cargo nesta terça-feira (9), pressionado por uma onda de protestos anticorrupção que se intensificaram nos últimos dias e mergulharam o país em uma nova crise política.

A decisão ocorreu um dia após confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança, que resultaram na morte de 19 pessoas e deixaram mais de 100 feridos. Os protestos começaram após a imposição de uma proibição ao uso de redes sociais, decretada pelo governo, mas ganharam força diante das denúncias de corrupção contra a administração de Oli.

Diante da escalada da violência, o governo suspendeu a restrição às plataformas digitais na segunda-feira (8). Mesmo assim, milhares de manifestantes desafiaram o toque de recolher em Katmandu, tentando invadir o Parlamento. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo e balas de borracha, mas não conteve a mobilização.

Oli, que estava em seu quarto mandato desde julho do ano passado e foi o 14º primeiro-ministro do Nepal desde 2008, afirmou em comunicado que sua saída busca “facilitar a solução dos problemas e ajudar a resolvê-los pacificamente”. Dois ministros de seu gabinete já haviam renunciado na segunda-feira, alegando motivos morais para não permanecer no governo.

“Estou triste com os incidentes de violência, resultado da infiltração de diferentes interesses egoístas. O diálogo pacífico é o único caminho para encontrar soluções”, declarou Oli, sem responder diretamente às acusações de corrupção levantadas pelos manifestantes.

A renúncia foi aceita pelo presidente Ram Chandra Paudel, que iniciou as consultas para a escolha de um novo líder. O Exército, por sua vez, pediu à população que “use de moderação” para evitar novos episódios de violência.

A instabilidade atual é considerada a mais grave em décadas no país do Himalaia, que faz fronteira com a Índia e a China. Desde a abolição da monarquia em 2008, o Nepal enfrenta crises políticas recorrentes e dificuldades econômicas que fragilizam ainda mais a jovem democracia.

 

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