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Reflexões sobre um passado que ecoa: 60 Anos do Golpe Militar no Brasil

Seis décadas separam o presente de um dos capítulos mais conturbados da história brasileira: o golpe militar de 1964. O malfeito não foi apenas um ponto de inflexão política, mas um divisor de águas na trajetória da nação, cujas ondas reverberam até hoje nos corredores da memória nacional. O golpe, fruto de uma conjuntura onde o medo se sobrepôs à esperança, não atacou apenas uma gestão ou um grupo político; atingiu a essência da democracia brasileira.

As Reformas de Base, idealizadas por João Goulart, buscavam endereçar desigualdades crônicas, mas foram interpretadas por muitos como uma ameaça, levando a uma reação que mudaria o destino do país.

A intervenção estrangeira, particularmente dos Estados Unidos, evidencia a complexidade do contexto internacional, onde a Guerra Fria se traduziu em uma política de interferências diretas nos destinos de nações soberanas. A aliança entre setores conservadores internos e interesses externos foi decisiva para a instauração do regime militar, que viria a perseguir, censurar e silenciar por mais de duas décadas.

Lembrar o golpe é, portanto, um exercício de vigilância democrática. As iniciativas de memória, verdade e justiça não são apenas atos de reparação, mas um compromisso com o futuro, assegurando que os erros do passado não sejam esquecidos nem repetidos. Os atos comemorativos e as manifestações de repúdio ao golpe e à ditadura, realizados em todo o país, são testemunhos da resiliência da nossa democracia. A história nos ensina que a democracia é um tecido delicado, constantemente exposto às forças do extremismo e do autoritarismo. A experiência do golpe de 1964 serve como um lembrete perene de que os direitos conquistados são preciosos e frágeis, necessitando de constante defesa e renovação.

Neste momento de reflexão, reafirmamos a importância de manter viva a história, não para nos prendermos ao passado, mas para iluminar o caminho à frente. Que as lições de 1964 inspirem a nação a cultivar uma democracia vigorosa, inclusiva e resistente a quaisquer tentativas de erosão.Assim, ao marcar os sessenta anos do golpe militar, reiteramos nosso dever de honrar aqueles que lutaram e sofreram em nome da liberdade e justiça. Que a memória seja a bússola que guia nossa incessante busca por um Brasil onde a democracia não seja apenas uma promessa, mas uma realidade vivida por todos.

Fabrício Correia, historiador e professor universitário. É CEO da Kocmoc New Future, responsável pela agência de notícias Conversa de Bastidores

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