Com a indicação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência da República, o físico e engenheiro Ricardo Magnus Osório Galvão deverá assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados. Atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Galvão reforçará a presença do Vale do Paraíba no Congresso Nacional, ampliando a representatividade de São José dos Campos — cidade que abriga o Inpe e é um dos pilares da ciência e da inovação no país.
Nascido em Itajubá (MG) em 1947, o pesquisador de 77 anos é um dos nomes mais respeitados da comunidade científica brasileira. Formado em Engenharia de Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense, com mestrado na Unicamp e doutorado em Física de Plasmas pelo MIT, sob orientação de Bruno Coppi, Galvão é professor titular do Instituto de Física da USP e membro da Academia Brasileira de Ciências.
Entre os cargos de destaque que ocupou estão a direção do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (2004–2011), a presidência da Sociedade Brasileira de Física (2013–2016) e o comando do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2016–2019). À frente do Inpe, em São José dos Campos, ganhou notoriedade ao defender publicamente a veracidade dos dados sobre o desmatamento da Amazônia, em confronto com o governo de Jair Bolsonaro. Sua exoneração, em agosto de 2019, transformou-o em símbolo da defesa da ciência e da integridade institucional.
Reconhecido internacionalmente, Galvão foi eleito pela revista Nature como uma das dez personalidades mais influentes da ciência em 2019. Recebeu prêmios e distinções de prestígio, como o da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), a Medalha Carneiro Felippe, a Ordem Nacional do Mérito Científico e o Prêmio ICTP. Uma espécie de traça descoberta em 2021, Diptychophora galvani, também leva seu nome.
Filiado à Rede Sustentabilidade desde 2022, Galvão concorreu a deputado federal por São Paulo e obteve 40.365 votos, ficando como terceiro suplente da Federação PSOL-Rede. Caso a nomeação de Boulos se concretize, sua posse significará o retorno de uma voz científica ao Parlamento — comprometida com o rigor acadêmico, a sustentabilidade e a defesa da verdade ambiental.
No comando do CNPq desde o início do atual governo, Galvão conduziu políticas de recomposição de bolsas, fortalecimento orçamentário e relançamento de programas estratégicos, como o Reator Multipropósito Brasileiro e o Programa Espacial Nacional.
Com sua chegada à Câmara, o Vale do Paraíba, região hoje sem representante em exercício, volta a ter um nome ligado à ciência e à gestão pública. São José dos Campos, berço da Embraer, do Inpe e de universidades de ponta, encontra em Ricardo Galvão um porta-voz de sua vocação científica e de seu compromisso com o futuro do país.

