Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) e figura central na história política paulista, encerrou oficialmente sua trajetória pública nesta quarta-feira (4). Aos 74 anos, ele participou de sua última sessão na corte antes da aposentadoria compulsória, prevista para janeiro de 2025, ao atingir a idade-limite de 75 anos. Sua despedida é o marco final de uma carreira que mescla ascensão política, denúncias de corrupção e a influência de seu partido, o PSDB.
Formado em Direito, Marinho iniciou sua carreira política como vereador pelo MDB em São José dos Campos, aos 18 anos, em 1968, durante o regime militar. Sua atuação como oposição à ditadura ganhou notoriedade ao denunciar irregularidades no uso de verbas públicas pelo prefeito nomeado da cidade, o coronel Sérgio Sobral de Oliveira. Essa postura combativa foi decisiva para sua eleição como deputado estadual em 1974, um ano histórico para a oposição ao regime, e sua reeleição quatro anos depois. Entre 1979 e 1981, ele presidiu a Assembleia Legislativa de São Paulo, consolidando-se como uma liderança no cenário político do estado.
Marinho foi também prefeito de São José dos Campos e deputado federal, participando da Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988), que elaborou a atual Constituição brasileira. No entanto, sua proximidade com o poder ganhou novas dimensões com a fundação do PSDB em 1988, partido no qual se tornou uma figura influente, especialmente durante o governo de Mário Covas, quando ocupou o cargo de chefe da Casa Civil.
Em 1997, foi indicado por Covas para o TCE-SP, onde permaneceu por mais de duas décadas. Contudo, sua trajetória no tribunal foi marcada por acusações de corrupção no caso Alstom, envolvendo o suposto recebimento de US$ 3 milhões em propinas para favorecer contratos da multinacional francesa com o governo paulista. Investigações apontaram transferências suspeitas para contas na Suíça, o que levou ao seu afastamento em 2014. Em 2021, entretanto, as acusações foram extintas devido à prescrição, permitindo seu retorno ao tribunal no ano seguinte.
A saída de Marinho marca o fim de um ciclo no TCE-SP, historicamente associado à influência tucana. Nos próximos anos, outras aposentadorias compulsórias devem abrir espaço para uma renovação significativa no tribunal, permitindo ao governador Tarcísio de Freitas remodelar sua composição.
Robson Marinho deixa um legado controverso. Se por um lado é lembrado como um habilidoso articulador e líder político, por outro, seu nome está ligado a episódios que abalaram a confiança no serviço público. Sua aposentadoria reflete não apenas o encerramento de uma era, mas também a necessidade de transformações institucionais em busca de maior transparência e credibilidade.