A Romênia atravessa um momento crítico em sua história política após as eleições legislativas deste domingo (1º), que consolidaram o Partido Social Democrata (PSD), de esquerda, como a maior força no parlamento. O PSD garantiu 22,4% dos votos, superando a ultradireitista Aliança para a União dos Romenos (AUR), que obteve 18,2%. Apesar da vitória expressiva, o cenário político do país permanece em suspenso devido à indefinição sobre os rumos da eleição presidencial e às tensões que cercam a formação de um novo governo.
O vice-presidente do PSD, Victor Negrescu, afirmou que o partido buscará formar uma coalizão que preserve o alinhamento europeu da Romênia. “Queremos uma coalizão que dê continuidade ao caminho europeu e à modernização do país”, declarou Negrescu. O partido agora se prepara para negociações complexas com possíveis aliados centristas, como a União Salve a Romênia (USR), que obteve 12,2%, e o Partido Liberal Nacional (PNL), com 14,3%.
Enquanto isso, a extrema-direita, liderada pelo AUR e partidos menores como o SOS, que juntos somaram mais de 30% dos votos, tenta consolidar sua base de apoio. Diana Sosoaca, líder do SOS, fez um apelo pela união de forças nacionalistas para formar um governo alternativo, mesmo minoritário. “É hora de unirmos as forças patrióticas para defender os interesses nacionais”, declarou.
A incerteza sobre o governo está diretamente ligada à eleição presidencial, que ocorre em paralelo. Calin Georgescu, candidato independente de ultradireita, surpreendeu ao liderar o primeiro turno realizado em 24 de novembro. O Tribunal Constitucional, porém, adiou para 2 de dezembro a decisão sobre um pedido de anulação dos resultados, alegando suspeitas de interferência externa. A Corte também ordenou a recontagem de mais de 9 milhões de votos, aprofundando o clima de desconfiança.
Caso o tribunal valide os resultados do primeiro turno, Georgescu enfrentará a centrista Elena Lasconi, prefeita de Campulung, no segundo turno programado para 8 de dezembro. Se os resultados forem anulados, novas eleições poderão ser realizadas a partir de 15 de dezembro, prolongando a instabilidade política.
A Romênia, membro da União Europeia e da Otan, está sob os holofotes internacionais devido à ameaça de uma guinada à extrema-direita. Georgescu já criticou abertamente a Otan e as políticas de apoio à Ucrânia, além de elogiar figuras controversas da história romena. Uma eventual vitória sua na presidência poderia redesenhar o papel da Romênia no cenário geopolítico, gerando preocupações em Bruxelas e Washington.
Além das disputas presidenciais, o novo parlamento terá que lidar com o desafio de formar um governo em um ambiente polarizado. Ilie Bolojan, líder do PNL, declarou que está disposto a negociar uma coalizão que priorize a modernização e a estabilidade do país. O resultado dessas negociações será fundamental para determinar o futuro político e econômico da Romênia, em um momento em que a confiança nas instituições está abalada.