Em 8 de janeiro de 2023, vencemos a tentativa de um golpe de Estado. Passado este tempo, embora mais de 2 mil pessoas tenham sido presas e depois liberados alguns indiciados, os principais responsáveis ainda não foram punidos e as investigações seguem lentamente mesmo com a Operação Lesa Pátria nas ruas.
O relatório da CPI presidida magistralmente pelo companheiro Chico Vigilante (PT-DF) já apontou as mais diversas irregularidades. A tentativa de explosão no aeroporto, as bombas no prédio da polícia federal, os acampamentos da festa da Selma, a minuta do golpe encontrada, entre outros indícios, já nos deram a certeza de um golpe planejado, arquitetado para derrubar as instituições democráticas. É importante lembrar que esse ataque não começou ano passado.
Em 2016, sofremos um golpe jurídico, midiático e machista contra a presidenta Dilma. Dois anos depois, o presidente Lula foi preso e impedido de disputar as eleições de 2018. A consequência disso foi a eleição do hoje inelegível, que ocupou a presidência com planos de se perpetuar no poder. Além de destruir programas sociais fundamentais para a garantia da dignidade da maior parte do povo brasileiro, ele atacou instituições, vociferou contra as urnas, entre tantas terríveis façanhas. Seus discursos de ódio despertaram o pior que havia em algumas pessoas insatisfeitas com a situação política e socioeconômica do nosso país – algumas delas destruíram com suas próprias mãos as sedes dos três poderes, causando prejuízos culturais incalculáveis.
A extrema direita mostrou que não está morta, muito pelo contrário. Houve planejamento, preparo, organização e financiamento dos atos de 8 de janeiro de 2023. Para honrar nossa democracia, é fundamental que os mentores do atentado sejam identificados e devidamente punidos.
O presidente Lula, ao lado de representantes das demais instituições da República, deu uma lição de como estancar o golpe. Lula poderia ter instaurado um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), deixando sob responsabilidade do Exército garantir a segurança pública diante dos ataques golpistas, mas não. Lula foi firme e fez o que a própria democracia nos pede – resolveu tudo na política. Com diálogo, com respeito, com união e reconstrução.
Um ano depois da tentativa fracassada de golpe, nos resta virar essa página da história, colocando seus responsáveis na cadeia, sem anistia! Afinal, nossa democracia é jovem e se fortalece à medida que nós a defendemos e incorporamos, no dia a dia, seus valores fundamentais. Hoje, saudamos o poder que emana do povo. Celebramos a possibilidade de vivermos em um país diverso, onde cada ser humano seja respeitado independente de condição socioeconômica, gênero, orientação sexual, raça ou posicionamento político. O Brasil é um só povo, e esse povo tem um só regime – aquele que defende a pluralidade de corpos, vozes e expressões. Viva a nossa democracia!
Juliana Cardoso é deputada federal (PT/SP)