Coordenado e custeado pela gestão estadual, o Espaço Prevenir é um serviço que presta atendimento às famílias dos dependentes químicos e aos egressos de comunidades terapêuticas que completaram o tratamento.
A cerimônia de inauguração teve a presença do vice-governador, Felício Ramuth; do secretário estadual de Desenvolvimento Social, Gilberto Nascimento; do prefeito da cidade, Anderson Farias, e demais autoridades da região.
“É mais um equipamento público para cuidados das pessoas, combatendo o preconceito que por muitas vezes ocorre com os dependentes químicos. O objetivo é fazer o acolhimento, encaminhamento e acompanhamento das famílias, proporcionando um ambiente que auxilie os usuários a não retornarem às drogas”, destacou o vice-governador Felicio Ramuth.
O equipamento dispõe de uma equipe multidisciplinar que prestará auxílio psicoemocional para a população. O foco é fortalecer os vínculos familiares e prevenir recaídas. Além de São José dos Campos, primeira cidade a receber o serviço, os municípios de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Paulo também receberão o novo equipamento.
“É importante lembrar que as famílias também adoecem quando um de seus membros se torna um dependente químico. Esse era um serviço que faltava e vai ajudar os familiares a saber como lidar com essa problemática e a não desistir. Também será um serviço importante para aqueles que já passaram por períodos de intervenção ou tratamento e precisam de apoio para não recair no vício”, explicou Gilberto Nascimento, Secretário Estadual de Desenvolvimento Social.
Acolhidos aprovam novo equipamento
Ana (nome fictício), de 60 anos, está há cerca de três meses em acolhimento contra a dependência química em uma comunidade terapêutica de São José dos Campos. Faltando pouco mais de dois meses para o término do tratamento, e em fase de transição para a ressocialização, ela já começou a frequentar o Espaço Prevenir.
Ana conta com o auxílio do novo equipamento para dar prosseguimento aos seus planos para o futuro: voltar a estudar, trabalhar e a conviver com amigos e familiares.
“Tem me ajudado muito a voltar para o mundo lá fora, voltar a trabalhar e a estudar. Aqui somos auxiliados a poder conviver com as pessoas, coisa que antes eu tinha medo. Me ajuda a procurar emprego, a ter coragem de sair nas ruas. Isso me dá alegria e esperança”, relata Ana. Após o tratamento, ela pretende concluir um curso de cuidadora de idosos. “Com certeza, quero continuar frequentando aqui depois do tratamento. Um dia quero estar ajudando outras pessoas”, diz.
O Espaço Prevenir de São José dos Campos é a primeira unidade do tipo no estado. O investimento anual do Governo de São Paulo no serviço será de R$ 600 mil.
Apoio a familiares
As equipes são formadas por profissionais como assistentes sociais, educadores, psicólogos e pedagogos. Além das pessoas em recuperação, o espaço também é voltado para o atendimento de familiares de dependentes químicos. A casa é preparada para atender até 300 pessoas por mês.
“É um local de portas abertas, as famílias podem vir procurar. Ele é voltado para quem está convivendo com pessoas com dependência química, que não sabe como lidar ou que tem uma relação de codependência, muitas vezes associada à violência e rompimento de vínculos. Aqui é um local onde essa pessoa vai ter acolhimento de uma equipe técnica e todo um trabalho de apoio à família”, explica Eliana Borges, coordenadora de Políticas sobre Drogas da SEDS.
O local presta apoio, inclusive, para filhos de dependentes. “É importante romper um ciclo para que eles também não venham a se tornar dependentes químicos. Neste sentido, a gente também faz uma prevenção contra o uso de drogas”, afirma Eliana.
O equipamento oferece dinâmicas psicossociais, terapias em grupos, consultas com psicólogos e atividades de cultura e lazer. Além disso, a equipe de profissionais dá orientações aos familiares sobre como agir em relação ao ente envolvido com as drogas e pode, inclusive, sugerir medidas como a internação. Os profissionais ainda ajudam os egressos a montar currículo e procurar emprego.
Diferentemente de casas ou comunidades terapêuticas, o local não oferece abrigo para dormir ou morar. O funcionamento do Espaço Prevenir é de terça-feira a sábado, das 10h às 21h
Vida Pós-Cracolândia
Outra paciente em fase final de tratamento em uma comunidade terapêutica de São José dos Campos, Andrea (nome fictício) era frequentadora de cenas abertas de uso de drogas até cinco meses atrás. Ela também exalta a importância de continuar recebendo um acompanhamento após o término de sua estadia na comunidade.
“Muitas pessoas como eu não têm o apoio da família depois que saem do tratamento. Então, esse serviço se torna muito importante. É uma estrutura onde, se eu tiver alguma dificuldade, posso procurar uma ajuda. A gente tem que ter em mente que não pode voltar atrás, né? Um passo para trás e você volta naquela situação de drogadição”, relata.
De acordo com a Secretaria do Desenvolvimento Social, a própria pasta faz um referenciamento para que pacientes de casas ou comunidades terapêuticas recebam orientação para frequentar o Espaço Prevenir após o tratamento. Aqueles que passaram por clínicas municipais, particulares ou por outros serviços de saúde também podem frequentar o serviço estadual.