Foto: Reprodução

Tarcísio endurece discurso, pressiona Câmara e chama Moraes de ditador em ato na Paulista

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), subiu o tom neste 7 de Setembro diante de uma multidão estimada em 42 mil pessoas reunida na avenida Paulista. Em um dos discursos mais duros de sua carreira política, defendeu uma anistia “ampla e irrestrita” para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, afirmou que Jair Bolsonaro deveria poder disputar as eleições de 2026 e atacou diretamente o Supremo Tribunal Federal.

No palanque, Tarcísio afirmou que o ex-presidente estaria prestes a ser condenado “sem provas” e chamou o julgamento no Supremo de uma “narrativa”. A plateia reagiu com gritos de “fora, Moraes”, e o governador respondeu chamando o ministro Alexandre de Moraes de “ditador”. Disse ainda que “ninguém aguenta mais a tirania” e que não aceitará “a ditadura de um Poder sobre o outro”. Também colocou em dúvida a delação do tenente-coronel Mauro Cid, que, segundo ele, teria sido feita sob pressão.

Tarcísio lamentou a ausência de Bolsonaro no ato e pediu que a população não seja “tímida” na defesa daquilo que chama de liberdade, democracia representativa e Estado de Direito. Reiterou que Bolsonaro segue como a maior liderança da direita e questionou: “Deixa o Bolsonaro ir para a urna, qual é o problema?”. Embora publicamente assegure que buscará a reeleição em São Paulo, sua presença na manifestação foi interpretada como um gesto para se aproximar do núcleo mais radical do bolsonarismo e manter abertas as portas para uma eventual candidatura presidencial.

O governador também comparou a proposta de anistia aos envolvidos nos ataques de 2023 à lei aprovada em 1979, durante a ditadura militar, afirmando que aqueles que hoje rejeitam a ideia se beneficiaram dela no passado. A comparação desconsidera que a medida da época também protegeu militares e agentes envolvidos em tortura e repressão.

As falas de Tarcísio ocorreram a poucos dias da conclusão do julgamento de Bolsonaro no STF e em meio a movimentações em Brasília, onde partidos como Progressistas e União Brasil anunciaram a entrega de cargos no governo Lula e declararam apoio à tese da anistia. Parlamentares do centrão afirmam já ter cerca de 300 votos favoráveis a um texto, ainda em construção, que poderia incluir Bolsonaro. A proposta abriria caminho para que Tarcísio apareça como alternativa viável em 2026, num cenário em que o ex-presidente permaneça inelegível.

Em entrevistas recentes, Tarcísio disse que, caso fosse eleito presidente, seu primeiro ato seria assinar um indulto em favor de Bolsonaro. E reforçou sua descrença no Supremo: “Não acredito em elementos para ele ser condenado, mas infelizmente hoje não posso dizer que confio na Justiça, por tudo que temos visto”.

 

WhatsApp
Facebook
Twitter